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Como as democracias morrem

 

 

A Suprema Corte dos USA e o “no Brasil nada presta”!

 

 

por Osório Barbosa.

 

 

Tudo que é nosso não presta!

 

Tudo que é norte-americano é maravilhoso!

 

A Suprema Corte Americana e algumas de suas maravilhas:

 

I - O presidente é presidente até morrer.

 

II - Não há limite de idade para permanecer na corte. O sujeito está senil, mas "continua juiz".

 

III - Os ministros não são ministros da corte, mas do partido que o nomeou (republicano ou democrata), assim, seguem as políticas partidárias, regra geral. Ou seja, votam de maneira a aplicar as orientações partidárias.

 

IV - Sendo os juízes partidários, votam de modo a agradar seus partidos (Ou seja, votam de maneira a aplicar as orientações partidárias.). Nada a ver com o que se “sente” por "Justiça"!

 

V - A escravidão continua a receber olhares (decisões) diferentes por parte da corte. Inclusive no que concerne a retrocessos de Direitos Civis. Alguns avanços no tema foram revistos por legislação tida por constitucional pela corte.

 

Acho que é isso, ou pelo menos foi o que entendi da leitura de dois livros recentes: "Como as Democracias morrem" e "Como funciona o fascismo".

 

Inté,

 

Osório Barbosa.

 

P.S.: No Brazil velho de guerra, os ministros do STF, até pouco tempo, "parece", tornaram-se inimigos de seus presidentes nomeantes!

 

Seria isso a tal liberdade de consciência?

 

"Circunstâncias especialíssimas"? Quais são elas? "Elas são verde e amarela / vira, cunhatã da cor de canela."

 

Na minha obtusa visão, o caso concreto é da mais especialíssima circunstância!

 

No frigir dos eggs, creio que o escrito do maravilhoso escritor e reacionário Borges ("O Idioma Analítico de John Wilkins", Jorge Luis Borges conta sobre uma certa Enciclopédia Chinesa em que, ao promover a classificação do Reino Animal.) se aplica tal e qual aos USA, onde tudo é perfeito, tanto assim que lá nem polícia existe!

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Rótulo da Nestlé

Rótulo!

"Rótulo é o elemento de identidade que apresenta as informações do produto. Faz parte do rótulo as inscrições, imagens, legendas estampadas, coladas ou gravadas sobre as embalagens dos alimentos."

"O signo linguístico representa o significante e o significado das palavras. Todo processo comunicativo constitui-se de dois elementos básicos: um é a linguagem, a qual representa o sistema de sinais convencionais que nos permite realizar tal procedimento."

Você consegue ver diferença(s)?

Eu não!

As pessoas dizem que não gostam de ser rotuladas, mas, o que são os nossos nomes?

Inté,

Osório Barbosa.

Liberdade de expressão e eu

Liberdade de expressão: existe ou não existe?

(ou quando existe e quando não existe)

 

Temos por bem (ou por mal) que a liberdade de expressão protege apenas as opiniões com as quais compactuamos.

 

Temos por bem (ou por mal) que a liberdade de expressão não protege as opiniões com as quais não compactuamos.

 

Resumindo: a liberdade de expressão existe apenas para o meu falar, jamais para o meu ouvir!

 

E agora, já que você não pode opor sequer a vontade de conhecer determinado assunto, pois os donos da liberdade de expressão dizem que você só pode conhecer o que eles publicam?

 

Como fica o também constitucional Direito ao Contraditório: Direito de ser ouvido?

 

Tem assuntos, como o nazismo, por exemplo, que você não tem o Direito de saber o que foi ele, mesmo tendo nascido em 2005 (a guerra terminou em 1945!).

 

Para determinados conhecimentos (que diz a Ciência usar) você não pode sequer ser curioso e tentar saber mais.

 

Alguns temas se transformaram em DOGMAS!

 

O mais que você pode saber é aquilo que é imposto a você, pois você não tem sequer liberdade de pesquisa!

 

Até tem, mas é na bibliografia que os donos da liberdade de expressão te imporem que você pode pesquisar.

 

Como é que se faz?

 

Ler apenas pela cartilha imposta?

 

No pouco a que tive acesso ao que buscava sobre o nazismo, parece-me que a disputa entre Alemanha e Inglaterra ainda vive entalada na garganta dos alemães, mas de exploração em Economia ninguém fala!

 

Em Economia igualdade de TODOS não é bem de TODOS assim!

 

Ou seja: naquilo que importa (comer, vestir e morar) nem TODOS são iguais perante qualquer Lei e/ou Constituição.

 

Se puder me ensinar o que, DE FATO, levou à primeira e à segunda Guerras Mundiais agradeço.

 

Inté,

 

Osório Barbosa.

 

 

 

 

 

homem moderno usuario do computador isolado no branco 33099 1593

Homem é mais previsível do que se possa imagina!

 

por Osório Barbosa

 

Infelizmente as melhores formas de registrar a história da humanidade chegaram muito tarde, daí termos perdido tantos bilhões de informações que, se registradas, tornariam, creio, a vida mais fácil de ser guiada, bastaria vermos e seguirmos o que deu certo e o que deu errado (o que em ciência se chama de tentativas de erro e acerto).

 

A escrita é uma jovenzinha de apenas cinco mil anos, enquanto a humanidade já está sobre a face da terra há milhões, quiçá bilhões de anos!

 

Quanto perdemos!

 

Quem planejou e como as pirâmides do Egito?

 

Tudo se apagou, como a tela de um computador que perde a sua fonte de energia.

 

Acabo de ler a seguinte matéria:

 

A luta contra a morte

 

Moisés Naím

(O Estado de S.Paulo, 07 de fevereiro de 2022)

 

Durante a pandemia, muitos decidiram investir em pesquisas para que possamos viver por mais tempo

 

Rolls Royce é um dos carros mais caros do mundo. Disso sabemos. Não tão conhecido é que, no ano passado, foram vendidas mais unidades do que nunca. Concretamente, 49% mais Rolls Royces do que no ano anterior, quebrando, desta maneira, os recordes de vendas da companhia fundada em 1906. Mas esta empresa automotiva não foi a única que teve um ano extraordinário. A Ferrari também informa que em 2021 teve lucros sem precedentes.

 

O que aconteceu? A pandemia fez com que muitos ricos percebessem que a vida é curta. Foi essa, ao menos, a explicação que Torsten Müller-Otvös, o diretor da Rolls Royce, deu ao jornal britânico Financial Times: “Muita gente viu pessoas conhecidas morrerem por causa da covid, e isso as levou a considerar que a vida é curta e é melhor desfrutar agora, não deixar isso para depois.”

 

Obviamente, os “muito ricos” que tomaram consciência de sua mortalidade não são tantos. O ano muito lucrativo que a Rolls Royce teve foi resultado da venda de apenas 5.586 veículos ao redor do mundo. Mas enquanto uns poucos ricos se deram conta de que a vida é breve, outros decidiram destinar imensas fortunas a pesquisas de tratamentos para que todos nós possamos levar vidas saudáveis por mais tempo.

 

Ela remeteu-me a algo que já tinha lido e que tem uma idade de cerca de 2.600 anos!

 

Há cerca de 500 anos antes da era atual a cidade de Atenas, na Grécia, sofreu uma endemia (para nossa finalidade e pela época, pode ser comparara a atual pandemia, sendo que temos o registro magistral do mal apenas em Atenas), que recebeu o nome de “peste” (creio que similar, não em termos médicos, à COVID 19).

 

Foi o escritor ateniense Tucídides quem fez o registro magistral da doença. Diz ele em sua obra monumental (História da Guerra do Peloponeso. Tradução de Mário da Gama Kury. UnB: 1982):

 

47. Foram estas as cerimônias fúnebres realizadas durante aquele inverno, cujo fim completou o primeiro ano desta guerra. Nos primeiros dias do verão os peloponésios e seus aliados, com dois terços de suas forças como antes, invadiram a Ática sob o comando de Arquídamos filho de Zeuxídamos, rei dos lacedernônios, e ocupando posições convenientes passaram a devastar a região. Poucos dias após a entrada deles na Ática manifestou-se a peste1 (34) pela primeira vez entre os atenienses. Dizem que ela apareceu anteriormente em vários lugares (em Lemnos e outras cidades), mas em parte alguma se tinha lembrança de nada comparável como calamidade ou em termos de destruição de vidas. Nem os médicos eram capazes de enfrentar a doença, já que de início tinham de tratá-la sem lhe conhecer a natureza e que a mortalidade entre eles era maior, por estarem mais expostos a ela, nem qualquer outro recurso humano era da menor valia. As preces feitas nos santuários, ou os apelos aos oráculos e atitudes semelhantes foram todas inúteis, e afinal a população desistiu delas, vencida pelo flagelo.

 

48. Dizem que a doença começou na Etiópia, além do Egito, e depois desceu para o Egito e para a Líbia, alastrando-se pelos outros territórios do Rei. Subitamente ela caiu sobre a cidade de Atenas, atacando primeiro os habitantes do Pireu, de tal forma que a população local chegou a acusar os peloponésios de haverem posto veneno em suas cisternas (não havia ainda fontes públicas lá). Depois atingiu também a cidade alta e a partir daí a mortandade se tornou muito maior. Médicos e leigos, cada um de acordo com sua opinião pessoal, todos falavam sobre sua origem provável e apontavam causas que, segundo pensavam, teriam podido produzir um desvio tão grande nas condições normais de vida; descreverei a maneira de ocorrência da doença, detalhando-lhe os sintomas, de tal modo que, [102] estudando-os, alguém mais habilitado por seu conhecimento prévio não deixe de reconhecê-la se algum dia ela voltar a manifestar-se, pois eu mesmo contraí o mal e vi outros sofrendo dele.

 

49. Aquele ano, na opinião de todos, havia sido excepcionalmente saudável quanto a outras doenças, mas se alguém já sofria de qualquer outro mal, todos se transformavam nela. Em outros casos, sem causa aparente mas de súbito e enquanto gozavam de boa saúde, as pessoas eram atacadas primeiro por intenso calor na cabeça e vermelhidão e inflamação nos olhos, e as partes internas da boca (tanto a garganta quanto a língua) ficavam imediatamente da cor de sangue e passavam a exalar um hálito anormal e fétido. No estágio seguinte apareciam espirros e rouquidão, e pouco tempo depois o mal descia para o peito, seguindo-se tosse forte. Quando o mal se fixava no estômago, este ficava perturbado e ocorriam vômitos de bile de todos os tipos mencionados pelos médicos, seguidos também de terrível mal-estar, em muitos casos sobrevinham ânsias de vômito produzindo convulsões violentas, que às vezes cessavam rapidamente, às vezes muito tempo depois. Externamente o corpo não parecia muito quente ao toque; não ficava pálido, mas de um vermelho forte e lívido, e cheio de pequenas bolhas e úlceras; internamente, todavia, a temperatura era tão alta que os doentes não podiam suportar sobre o corpo sequer as roupas mais leves ou lençóis de linho, mas queriam ficar inteiramente descobertos e ansiavam por mergulhar em água fria - na realidade, muitos deles que estavam entregues a si mesmos se jogavam nas cisternas - de tão atormentados que estavam pela sede insaciável; e era igualmente inútil beber muita ou pouca água. Os doentes eram vítimas também de uma inquietação e insônia invencíveis. O corpo não definhava enquanto a doença não atingia o auge, e sendo assim, quando os doentes morriam, como aconteceu a tantos entre o sétimo e o nono dia de febre interna, ainda lhes restava algum vigor, ou, se sobreviviam à crise, a doença descia para os intestinos, produzindo ali uma violenta ulceração, ao mesmo tempo que começava uma diarréia aguda, que nesse estágio final levava a maioria dos doentes à morte por astenia. A doença, portanto, começando pela cabeça, onde primeiro se manifestava, descia até alastrar-se por todo o corpo; se alguém sobrevivia a esta fase, ela chegava às extremidades e deixava suas marcas nelas, pois atacava os órgãos sexuais, dedos e artelhos, e muitos escapavam perdendo-os, enquanto outros perdiam também os olhos. Em alguns casos o paciente era vítima de amnésia total imediatamente após o restabelecimento; não sabia quem era e não reconhecia sequer seus próximos.

 

50. O caráter da doença desafia qualquer descrição, sendo a violência do ataque, em geral, grande demais para ser suportada pela natureza humana; por um detalhe ela se mostrou diferente de todos os males comuns: as aves e os quadrúpedes que usualmente se alimentam de cadáveres humanos, ou não se aproximavam deles neste caso (apesar de muitos permanecerem insepultos), ou morriam se os comiam. Isto se evidencia ainda mais pelo fato de as aves desse gênero se haverem tornado raras e não mais serem vistas em volta dos cadáveres ou [103] em parte alguma da região; quanto aos cães, sua abstinência deu uma oportunidade ainda melhor de se observar a peculiaridade, pois eles vivem entre os homens.

 

51. Era este, então, o caráter geral da doença, pondo de lado muitos outros sintomas menos freqüentes, que afetavam cada pessoa de maneira diferente. Enquanto durou a peste, ninguém se queixava de outras doenças, pois se alguma se manifestava, logo evoluía para aquela. Às vezes a morte decorria de negligência, mas de um modo geral ela sobrevinha apesar de todos os cuidados. Não se encontrou remédio algum, pode-se dizer, que contribuísse para o alívio de quem o tomasse - o que beneficiava um doente prejudicava outro - e nenhuma compleição foi por si mesma capaz de resistir ao mal, fosse ela forte ou fraca; ele atingiu a todos sem distinção, mesmo àqueles cercados de todos os cuidados médicos. Mas o aspecto mais terrível da doença era a apatia das pessoas atingidas por ela, pois seu espírito se rendia imediatamente ao desespero e elas se consideravam perdidas, incapazes de reagir. Havia também o problema do contágio, que ocorria através dos cuidados de uns doentes para com os outros, e os matava como a um rebanho; esta foi a causa da maior mortandade, pois se de um lado os doentes se abstinham por medo de visitar-se uns aos outros, acabavam todos perecendo por falta de cuidados, de tal forma que muitas casas ficaram vazias por falta de alguém que cuidasse deles; ou se, de outro lado, eles se visitavam, também pereciam, sobretudo os altruístas, que por respeito humano entravam nas casas dos amigos sem preocupar-se com suas próprias vidas, numa ocasião em que mesmo os parentes dos moribundos, esmagados pela magnitude da calamidade, já não tinham forças sequer para chorar por eles. Eram os sobreviventes que com mais freqüência se apiedavam dos moribundos e doentes, pois conheciam a doença por experiência própria e a essa altura estavam confiantes na imunidade, pois o mal nunca atacava a mesma pessoa duas vezes, pelo menos com efeitos fatais. Eles não somente eram felicitados por todas as pessoas como, no entusiasmo de sua alegria naquelas circunstâncias, alimentavam a esperança frívola de que pelo resto de suas vidas não seriam atingidos por quaisquer outras doenças.

 

52. Em adição à calamidade que já os castigava, os atenienses ainda enfrentavam outra, devida à acomodação na cidade da gente vinda do campo; isto afetou especialmente os recém-vindos. Com efeito, não havendo casas disponíveis para todos e tendo eles, portanto, de viver em tendas que o verão tornava sufocantes, a peste os dizimava indiscriminadamente. Os corpos dos moribundos se amontoavam e pessoas semimortas rolavam nas ruas e perto de todas as fontes em sua ânsia por água. Os templos nos quais se haviam alojado estavam repletos dos cadáveres daqueles que morriam dentro deles, pois a desgraça que os atingia era tão avassaladora que as pessoas, não sabendo o que as esperava, tornavam-se indiferentes a todas as leis, quer sagradas, quer profanas. Os costumes até então observados em relação aos funerais passaram a ser ignorados na [104] confusão reinante, e cada um enterrava os seus mortos como podia. Muitos recorreram a modos escabrosos de sepultamento, porque já haviam morrido tantos membros de suas famílias que já não dispunham de material funerário adequado. Valendo-se das piras dos outros, algumas pessoas, antecipando-se às que as haviam preparado, jogavam nelas seus próprios mortos e lhes ateavam fogo; outros lançavam os cadáveres que carregavam em alguma já acesa e iam embora.

 

53. De um modo geral a peste introduziu na cidade pela primeira vez a anarquia total. Ousava-se com a maior naturalidade e abertamente aquilo que antes só se fazia ocultamente, vendo-se quão rapidamente mudava a sorte, tanto a dos homens ricos subitamente mortos quanto a daqueles que antes nada tinham e num momento se tornavam donos dos bens alheios. Todos resolveram gozar o mais depressa possível todos os prazeres que a existência ainda pudesse proporcionar, e assim satisfaziam os seus caprichos, vendo que suas vidas e riquezas eram efêmeras. Ninguém queria lutar pelo que antes considerava honroso, pois todos duvidavam de que viveriam o bastante para obtê-lo; o prazer do momento, como tudo que levasse a ele, tornou-se digno e conveniente; o temor dos deuses e as leis dos homens já não detinham ninguém, pois vendo que todos estavam morrendo da mesma forma, as pessoas passaram a pensar que impiedade e piedade eram a mesma coisa; além disto, ninguém esperava estar vivo para ser chamado a prestar contas e responder por seus atos; ao contrário, todos acreditavam que o castigo já decretado contra cada um deles e pendente sobre suas cabeças, era pesado demais, e que seria justo, portanto, gozar os prazeres da vida antes de sua consumação.

 

54. Eis a desgraça que havia atingido tão dolorosamente os atenienses: seu povo morrendo dentro da cidade e suas terras sendo devastadas lá fora. Em seu desespero, lembravam-se, como era natural, do seguinte verso oracular que, segundo os mais velhos entre eles, fora proferido havia muito tempo:

 

"Virá um dia a guerra dória, e com ela a peste".

 

Houve na época muita discussão entre o povo, pois uma parte da população pretendia que no verso em vez de peste se deveria entender fome, e naquela ocasião prevaleceu o ponto de vista de que a palavra era peste. Isto era muito natural, pois as lembranças dos homens se adaptam às suas vicissitudes. Se houver outra guerra dória depois desta e com ela vier a fome, imagino que entenderão o verso à luz das novas circunstâncias. As pessoas familiares com o assunto também se lembram de outro oráculo transmitido aos lacedemônios quando, em resposta à pergunta sobre se deveriam ou não ir à guerra, o deus respondeu que "se guerreassem com todo o seu poder, a vitória seria dele", acrescentando que ele mesmo os ajudaria. Viam nos acontecimentos a confirmação do oráculo, pois a peste começou imediatamente após a invasão da Ática pelos peloponésios e, não tendo atingido o Peloponeso de maneira digna de menção, castigou principalmente [105] Atenas, passando depois para outros lugares densamente povoados. Estes foram os acontecimentos relacionados com a peste.

 

Quem chegou até prestou atenção no item 53 acima?

 

Qual a diferença entre os homens atenienses do Século V antes da era atual e do atual Século XXI?

 

Aparentemente nenhuma: apenas trocaram as bebidas e festas (ou naus) por rolls royces, mas, no fundo, e no raso continuam absolutamente iguais! Muito iguais.

 

Fonte da imagem: https://br.freepik.com/

1

Conhecimento é utopia

 

Conhecimento é utopia!

O conhecimento é igual à utopia, quanto mais você se aproxima dele, mas ele se afasta.

 

Maraã/São Paulo, 23.01.22.

 

Osório Barbosa.

 

 

Revista 451 Lilia 2

Lilia Schwarcz diz não saber sobre economia! Tem certeza?

 

por Osório Barbosa.

 

Estava a ‘foliaire’ a Revista Quatro Cinco Um, número 53, quando, às páginas 22/25, deparei-me com a entrevista da Professora Lilia Schwarcz!

Como venho adquirindo os livros da Professora (as biografias do Brasil e de Lima Barreto, pelo menos), me predispus a ‘leire’ a sua entrevista!

A matéria, segundo a revista é História e a frase de abertura é muito interessante, pois estou padecendo do mesmo mal: ‘A minha geração falhou’, também.

A Professora fala sobre ‘textão nas redes’, o que muito aprecio, pois ninguém escreve ‘Dom Quixote’ em 180 caracteres!

A entrevistadora é a Isabel Lucas.

Algumas coisistas que marquei – até chegar o que me levou a bem traçar essas linhas (<:):

 

Democracia. Como reconquistá-la, ou não perdê-la, ou tê-la em mente sempre, mesmo na sua imperfeição? Lilia Schwarcz nunca a perde de vista quando escreve sobre autoritarismo no Brasil, quando traça o perfil de seu país e vê nessa história traços de um sistema autoritário que tende a não se apagar e, a tempos [sic], se revela como uma força maior.” [Osório diz: “Tamu juntus ou tmj” Professora nessa corrida para não perdermos a nossa democracia! “Ruim com ela, um inferno sem ela”! E “vamu q vamu”!]

 

Mas emocionou-se [sic], a espaços, a desfazer mitos e ideias feitas que tornam mais duro o combate pela democracia, a tal democracia que considera em risco. É em nome dela que age sem pretender conquistar tipo algum de papel político.[Osório diz: Sempre que se age em nome da democracia se busca sim a conquistar um papel político, embora não diretamente para aquele que age, mas para a sociedade imantada pela democracia, sendo que dela faz parte aquele – aquela, no caso da Professora – que agiu.]

 

Primeira pergunta e resposta:

 

A sua actuação [portuga de portuga!] no Brasil é muito próxima do que em tempos se chamava de intelectual público, uma figura que vai dando referentes para pensar. Como se vê nesse papel?

Não me vejo exatamente como tal. Continuo a fazer o que fazia. Sou uma pessoa da academia [Osório diz: Já que praticamente inexiste serviço público prestado gratuitamente, creio que a Professora recebe salários da Universidade Pública em que atua. Adiantando assunto!], curadora adjunta no MASP, mas fui formada para ser isso que se chama de intelectual pública. Fiz escola pública, fiz universidade pública, dou aulas numa universidade pública e acho que, sobretudo neste momento, a universidade tem a obrigação de sair um pouco da sua redoma, do seu lugar de conforto. Minha orientadora, Manuela Carneiro da Cunha, sempre chamou atenção para o fato de uma atividade complementar a outra. Ela escreveu o capítulo sobre os indígenas na Constituição de 1988; tem um papel fundamental na preservação da floresta, na discussão do marco legal, na discussão sobre as terras indígenas. Eu tive uma influência muito grande da Manuela. E estou há um longo tempo dando aulas nos Estados Unidos, onde aprendi que os professores são muito avaliados pela sua atividade pública. No Brasil ainda há certo preconceito. As pessoas seguem muito a lógica do “ou”, e eu sou mais a lógica do “e”. Mas não sei se sou uma intelectual pública nesse sentido, não tenho nenhum papel político.”

 

Outra pergunta e resposta:

 

Vê as redes como um lugar de ódio?

Não. Ouço as pessoas falarem muito do algoritmo e de como ele destrói. Eu não demonizo as redes. Já tive problemas pessoais, já tive que me enfrentar com as redes, mas aprendi a chegar a mais pessoas, a ser mais clara e a respeitar os meus leitores. Cada vez que solto uma postagem tenho o vício de olhar novamente em cinco ou dez minutos, porque se eu tiver cometido um erro de português ou errado um nome, vou corrigir. Há haters, mas também reparei que os meus lovers brigam com os haters.

Sei que esses governos autoritários foram eleitos através desses meios; sei que são governos retrógrados, populistas e tecnológicos; mas vi uma pesquisa que mostrava que a direita - e isso é histórico, vem do nazismo sempre se cerca das últimas novidades tecnológicas. Veja a importância do rádio. E a esquerda diz "não", "eu não gosto", "eu sou contra”.

Assisti a um debate em que as pessoas diziam que, em vez do algoritmo, preferem o espaço silencioso da literatura. Eu também. Mas acho que o momento não nos permite a lógica do "ou"; acho que é a lógica do "e". Quando estou escrevendo meus livros preciso dessa concentração, desse silêncio, mas acho que se não ocuparmos esses espaços eles serão totalmente ocupados pelo outro lado.

Vivemos num momento em que as pessoas não leem [Osório diz: Um amigo, também Professor, Adriano Alencar Barbosa, diz o contrário: “atualmente as pessoas leem muito, basta vê-las sempre agarradas a seus celulares. O que se pode questionar é sobre conteúdo, mas, aí, já é outro assunto (qualidade, não quantidade)]. E quando leem é quase sempre de forma literal. Como se houvesse um desaprender da leitura que não seja literal. As minhas postagens que vão melhor são aquelas em que analiso imagens [Osório diz: Estou, atualmente, fora do mundo das redes sociais, mas gosto muito de análise de imagens! Adoro a do Michel Foucault sobre o quadro “As meninas”, do Velázquez. Talvez volte mais depressa para acompanhar a Professora!]. Isso é um treino da academia e é por isso que digo que não sou uma intelectual pública. Foi a academia que me ensinou a ler imagens. Quando trago uma imagem e a desmonto, desmonto as imagens do poder, ou desmonto as imagens da branquitude, que são os meus temas; desmonto as imagens do meio ambiente que são produzidas pelo governo. Não há ironia lá, então nem todos os meus posts são irônicos. Tenho uma ironia muito grande, é claro, com o presidente, mas esse é também o jeito de eu dar aula; sempre fui assim. Talvez a minha fase com a Companhia das Letras, que me faz escrever mais diretamente, ou mesmo a minha fase de alguns anos no museu, em que o pessoal diz: "Professora, texto de museu não é tese na parede. Seja mais generosa". Uso a ironia, mas uso muito as armas da academia, e tento mostrar, neste momento de tanto obscurantismo, de tanta crítica à academia, o que a academia faz por nós. Outra coisa que eu não sabia: nas redes, o meu texto é considerado um textão, e as pessoas leem. Vejo nos comentários que não leem apenas o começo ou o final. E agradecem. O meu público é muito jovem, majoritariamente jovem. O grosso acho que está entre dezenove e quarenta anos, um público que não viveu a ditadura militar, e então explico toda vez o que ela foi e quais os seus males. Explico a escravidão. Explico os meus temas e tento não entrar em temas que não são da minha especialidade, como a economia. Porque eu não quero errar.

 

Aqui meus cabelos, qual pelos no lombo de cachorro que pressente o perigo, se eriçaram!

 

Vamos a uns tópicos:

 

Osório diz:

 

Primeiro – A Professora recebe salários, logo, precisa administrá-los.

 

Segundo – A internet diz que a Professora é casada e, juntamente com o esposo, é proprietária de uma grande editora há mais de trinta anos.

 

Terceiro – A internet diz que a Professora é mãe de dois filhos!

 

Estes três primeiros itens induzem leigos, como o subscritor, a acreditar em economistas profissionais que dizem as pessoas que mais entendem de economia são as “donas de casa” e, pelo acima, tudo indica que a Professora Lilia tenha casa, claro.

 

Ademais, é inteligente demais para não saber preparar um simples “ovo poché” também na economia!

 

Aliás, que empresári@, no capitalismo, em especial, “só não pensa naquilo”: economia?

 

Pelo que entendi, a Professora afirma que, além da democracia, sua luta, via seus textos, é contra as mazelas devastadoras da escravidão, do genocídio contra os indígenas, as violências contra as mulheres, certo?

 

Então, perguntei-me: como resolver tudo isso sem entrar na economia?

 

Seria indelicado se eu me socorresse do “antigo legislador que chamam vulgo”, do qual fala Cervantes, e perguntasse se a Professora quer fazer omeletes sem quebrar os ovos?

 

Não seria justo que todos os que escravizaram, especialmente os negros, pagassem uma justa reparação por isso, uma vez que hoje muitos dos escravizadores nadam em dinheiro (economia)?

 

E as riquezas roubadas das terras indígenas, especialmente os metais e pedras preciosas, quem os compra e os beneficia mundo afora (economia)?

 

Quem pagará um serviço de vigilância para coibir os genocídios contra os indígenas (economia)?

 

Por que pagar salário menor para as mulheres que fazem os mesmos trabalhos que os homens (economia)?

 

A sociedade brasileira já faz isso a duras penas, mas o ideal seria pagar por isso quem enriqueceu praticando essas atrocidades!

 

Ah, eles não podem ser incomodados, pois são os financiadores das campanhas daqueles que poderiam cobrar por esses crimes de lesa-humanidade!

 

Quando a Professora diz: “Explico os meus temas e tento não entrar em temas que não são da minha especialidade, como a economia. Porque eu não quero errar.”, lembrei-me de Salvador Dalì que disse: “Não se preocupe com a perfeição – você nunca irá consegui-la.”

 

Então, admirada Professora, numa paráfrase: “não se preocupe em não errar – a senhora nunca vai conseguir.”

 

Se ninguém errasse, a ciência já tinha chegado ao fim!

 

As ciências não são construídas sobre dúvidas?

 

Um barbudo, aparentado religioso seu, certamente diria que, para por fim às mazelas devastadoras da escravidão, do genocídio contra os indígenas, as violências contra as mulheres, somente revendo o sistema econômico que criou esses monstros!

 

Mas, quem está disposto a isso?

 

Humilde e atenciosamente,

 

Osório Barbosa.

 

Daqui não quero passar para os fins de minha ousadia!

 

 

Notas:

 

<: - esta é a minha proposta para o sinal de ironia (https://www.osoriobarbosa.com.br/ideia/curiosidades/item/1357-sinal-de-ironia)

X Y

Os erros de alguns dos donos das verdades - VII ( Sêneca).

por Osório Barbosa e outros.

 

"Sejamos justos: Sêneca jamais se apresentou como a encarnação do estoicismo e teve a honestidade de reconhecer que sua vida nem sempre esteve em conformidade com seus preceitos. No entanto, a acusação de hipocrisia persiste e sua existência nada tem de um modelo de virtude. Amante de cortesãs tanto quanto de princesas, dentre as quais Julia, filha de Germânico e provavelmente Agripina, a mãe de Nero, cujo assassinato ele justifica em seguida; cortesão subserviente, de uma indulgência excessiva com Nero; ávido por riquezas, acumulando milhões de sestércios e de propriedades, levando a vida em grande estilo, ele nada tem de um Diógenes ou de um Epicteto. Inclusive seu suicídio “estoico”, tão celebrado pelos artistas, é visto com reservas — como Sócrates, ele não tinha muita escolha: matou-se por ordem de Nero. Para Dion Cássio, é um hipócrita notório.


O que nos interessa, aqui, é que ele se preócupacom a questão da felicidade, à qual volta em numerosas cartas e à qual dedica tratados inteiros: Du respos du sage [Do repouso do sábio], Da tranquilidade da alma e, principalmente, Da vida feliz. Neste último, ele retoma do início a constatação de Sócrates:

[64]


Na vida, é a felicidade que todos os homens querem; mais, quando se trata de ver com clareza em que consiste o que pode fazer a vida feliz, eles tem uma nuvem diante dos olhos.


Todos têm a pretensão de opinar sobre o assunto, mas na verdade cada um busca imitar os outros e apenas repete os lugares-comuns. Ora, na busca da felicidade, como em outros temas, “a multidão é a prova do que é pior”. Sêneca dá então sua própria definição: [Osório diz: bem internet!].


A vida feliz é aquela que se concilia com sua natureza. Só podemos obter essa vida se o espírito é são e sempre em posse de boa saúde; se, além disso, ele é enérgico e ardente; se é dotado das mais belas qualidades, paciente, adequado a todas as circunstâncias, cuidadoso com o corpo que ele habita e do que ali se proporciona, mas sem agitações minuciosas; se dá atenção às outras coisas da vida, sem se ofuscar por nenhuma; se sabe usar as dádivas da sorte, sem jamais delas ser escravo. Compreendeis, ainda que eu não o diga, que daí resulta uma tranquilidade perene, a liberdade, já que foi banido tudo o que a todo instante vem nos irritar, nos assustar.

...

[65]


Sêneca tem a honestidade de reconhecer que a doutrina de Epicuro é próxima da sua, e muito rígida; seus discípulos é que o traíram, pretextando a apologia do prazer para estendê-lo à devassidão: [Osório diz: questão da relação discípulo e mestre, ou melhor, dos erros de uns e de outros].

Fonte: “A idade de ouro, História da busca da felicidade”, de Georges Minois, tradução de Christiane Fonseca Gradvohl Colas, UNESP, São Paulo, 2011, p. 66).


...

(um bom fiador para uma causa ruim).

...


Eu sei o que dirão: “Falas de uma maneira e vives de outra”. Vão censurar minha riqueza, minhas propriedades, meus escravos, as joias de minha mulher, minhas boas refeições, as lágrimas que derramo diante da morte de meus amigos, a cólera que sinto quando me caluniam; é esse o desapego do filósofo?


Eis o que eu responderia: não sou sábio, [...] exijo de mim não ser igual aos mais virtuosos, mas ser melhor do que os maus; [...] quando mostro minha indignação contra os vícios, é primeiro contra os meus. [Osório diz: Eu!] [Osório diz: Esta é uma citação de Sêneca].


... Falo de um ideal que não consegui atingir e poderíamos dizer o mesmo de todos os filósofos,


pois, se suas ações também estivessem no nível de seu discurso, quem seria mais feliz do que os filósofos? [,...] E de surpreender que eles não cheguem um alto, tendo começado a escalar encostas tão íngremes?


Confissão corajosa, mas catastrófica para nosso propósito: acreditamos ter encontrado um caminho para a felicidade, e isso não passa de ilusão? Então, nenhum dos filósofos que nos ensinam a vida feliz conseguiu alcançá-la? Mas eles não seriam mais sábios do que os homens comuns? A idade de ouro está realmente perdida.


O modo desajeitado de Sêneca defender suas riquezas apenas reforça essa constatação de fracasso: é claro, sou rico, mas não sou apegado ao meu dinheiro; ficaria indiferente se o perdesse; um filósofo rico não é a mesma coisa que um não filósofo rico: “Para mim, as riquezas têm importância; para vocês, são o mais importante”. Além disso, é mais difícil ser sábio sendo rico do que sendo pobre: tenho de provar “temperança, liberalidade, exatidão, economia, magnificência”; felizes os pobres, que não têm todas essas preocupações. “Então, parem de proibir o dinheiro aos filósofos; nunca a sabedoria foi condenada à pobreza”. Aliás, Catão era ainda mais rico do que eu. “Não me acho nem um pouco mais feliz porque tenho uma capa macia e porque estendo a púrpura sobre ricos tapetes em meus festins." Dinheiro não traz felicidade, sabemos todos. Mas, é verdade, prefiro filosofar no conforto, e até no luxo, “vestindo a toga ou o manto, a estar com os ombros nus ou mal cobertos”. [Osório diz: Arrasou!] [Osório diz: Serve para quem costuma acusar os comunistas de gostarem do que é bom].

Infeliz Sêneca! Que crédito daremos então a suas declarações sobre a felicidadedo do sábio que se desapega de todos os bens? Pois ele insiste fortemente nisso em suas cartas. Uma delas até se intitula “Sobre as vantagens da pobreza”. Como são felizes, os pobres! [Osório diz: É que ele sabia ser rico]


Comparem o rosto dos pobres e o dos ricos. O pobre ri muito mais e com franqueza; se lhe advém alguma preocupação, ela passa como uma nuvem. Mas entre aqueles a quem chamamos felizes a alegria é simulação; a tristeza, um mal terrível que os devora.

[67]


É preciso acreditar que, afinal de contas, não é a felicidade que Sôneca procura; do contrário ele abandonaria seus milhões. Em outra carta, ele conta como, durante uma viagem, até experimentou a ventura da frugalidade: durante dois dias ficou com a mesma roupa, dormiu em um colchão no chão, tendo um casaco por cobertor; comeu figos secos e circulou em um veículo comum; e nem se queixou!


Minha viagem me ensinou quantas coisas supérfluas possuímos e quão facilmente poderíamos dispensar todas elas, já que não nos fazem falta quando a necessidade delas nos priva.


Não podemos alcançar a felicidade pela riqueza e pelos prazeres, como escreve a um amigo:


Você aspira a felicidade, mas se engana se espera alcança-lapela riqueza, se for às honrarias e aos negócios que a pede. Todos esses bens que você busca, como se devessemlhe dar prazer e contentamento, são fontes de tristeza. Corremos atrás da verdadeira alegria; mas ignoramos inteiramente o que a torna real e durável: este a procura nos festins e na devassidão, aquele na ambição e em um vasto cortejo de vassalos; outro, nos braços de uma amante; aquele outro, em uma inútil demonstração de conhecimento literário, e em estudos que não curam a alma. Todos esses homens deixam-se seduzir por diversões enganosas e passageiras; assim, a embriaguez nos faz pagar uma hora de alegria insana por um longo aborrecimento; assim, os aplausos e as aclamaçõesda aprovação popular se compram e se expiam por meio de cruéis angústias.


Não seria sua própria situação o que ele descreve aqui?


Ao longo de seus escritos, Sêneca retoma o problema da felicidade, tenta cercá-la, abordáa-la, explorar caminhos para alcançá-la. “A vida é um bem menor do que a felicidade”, diz. A felicidade, portanto, é o bem supremo. “Ela consiste na perfeição da razão.” Mas


o que é a vida feliz? E a segurança; é uma calma inalterável. Quem nos dará essa vantagem? A grandeza de alma e a perseverança em executar as decisões de um julgamento sadio. Como chegamos lá? Ao abarcar em um só olhar a [68] verdade inteira; ao conservar nas ações a ordem, a ponderação, a conveniência, uma disposição inofensiva e generosa, em conformidadecom a razão que dela jamais se separa, e que é digna tanto de amor como de admiração.


E acrescenta: ”Quanto ao prazer, é a felicidade do bruto”.


Às vezes, ele é mais concreto: saibamos aproveitar o presente, pois ”a esperança do futuro nos faz ingratos à felicidade presente";

...

No tratado Da tranquidade da alma, ele opta claramente pelo repouso, com uma entonação que Epicuro não renegaria. Seu amigo Serenus está melancólico e hesita entre a carreira pública e a aposentadoria. Retira-te dos negócios, aconselha Sêneca, mas aos poucos, e procura a paz de espírito, que te garantirá a felicidade. Consagra-te ao estudo, passeia, frequenta amigos, bebe um bom vinho,


às vezes até podemos chegar à embriaguez, não para nela afundar, mas para encontrar um estimulante; ela dissipa as mágoas e desperta a faculdade da alma, e, entre outras doenças, cura a tristeza.

[Osório diz: Bela contradição com o que ele diz sobre a embriaguez mais acima!]


Não faça nada sem objetivo, sem razão; permaneça senhor de si, de suas emoções; que sua razão controle sempre sua conduta. Então, talvez você seja feliz.


Talvez... mas nada é menos certo. De fato, mais ainda do que para Horácio, podemos dizer que a obsessão da felicidade que percorre toda a obra de Sêneca é um sinal infalível de sua derrota. Sêneca, tão pródigo em conselhos sobre a vida feliz, não é feliz. Médico, cura-te a ti mesmo, poderíamos dizer. Ele o admite em uma carta a Lucílio:

[69]


Não, Lucilio, estando eu mesmo doente, não tenho a pretensão de curar os outros; mas acamado, por assim dizer, na mesma enfermaria, converso com você sobre nossos sofrimentos mútuos; eu lhe comunico minhas receitas. Escute minhas palavras como se fossem dirigidas a mim mesmo. Apresento-o ao fundo de minha alma, e lá, sem sua presença, censuro-me, dizendo: “Conta teus anos, e enrubescerás de teres ainda os caprichos e os projetos de tua infância; prevê o dia de tua morte; mata teus vícios antes de ti; rompe com esses prazeres tempestuosos que custam tão caro, funestos tanto depois como antes da satisfação, [...] aspira de preferência a uma felicidade constante: ora, ela não será da alma se não for tirada dela mesma. [...] Quando serás chamado a fruir dessa felicidade? Longe de interromper a busca, tu te apressas a alcançá-la. Quantas obras te restam a fazer! Quantas vigílias e quantos trabalhos para atingir esse objetivo! E ninguém pode fazê-lo por ti".


Em outra carta, fica evidente que Sêneca tenta se convencer levantando objeções:


É verdade, me dirá alguém, que o sábio é feliz, mas não consegue chegar à felicidade perfeita. [...] Assim, o homem virtuoso não poderia ser miserável, mas não é perfeitamente feliz se estiver desprovido de vantagens físicas como a saúde e o uso dos membros. [...] Ouço alguém me dizer: o sábio, com um corpo fraco, não é feliz nem infeliz.


As respostas de Sêneca não são lá muito convincentes: se um sábio doente não é feliz nem infeliz, então ele é feliz, pois se não é infeliz, quer dizer que há nele uma virtude tal que nada pode perturbar sua felicidade! E, se ele é feliz, então é perfeitamente feliz, pois,


se a virtude pode impedir um homem de ser miserável, ela vai achar mais fácil ainda torná-lo perfeitamente feliz, pois o intervalo entre a felicidade e a perfeita felicidade é menor do que entre a felicidade e a infelicidade.


E claro, diz Sêneca, “essas máximas nos parecem paradoxais,exageradas, acima da humanidade”.


De fato, o próprio Sêneca não está convencido. O caminho estoico para a felicidade é irreal. É outro beco sem saída. Será que esse caminho já tornou [70] feliz algum homem? Isso é improvável. Esse endurecimento pode tornar os homens corajosos, sem dúvida. Felizes, certamente não.

 

Fonte: A idade de ouro, História da busca da felicidade, de Georges Minois, tradução de Christiane Fonseca Gradvohl Colas, UNESP, São Paulo, 2011, p. 64-71.

 

 

13

 

X Y

Os erros de alguns dos donos das verdades - VI (Epicuro).

por Osório Barbosa e outros.

 

"Mas uma questão se apresenta: se o mundo de Epicuro é materialista, e a própria alma é material, somos determinados pelas leis físicas, não somos livres e, nesse caso, não depende de nós escolhermos a sabedoria, sermos felizes ou infelizes. O filósofo se esforça em nos tranquilizar ao reintroduzir a liberdade no seio da matéria, graças a um subterfúgio bem pouco convincente, para dizer a verdade: tudo é composto de átomos, como dissera Demócrito (460 a.C.-360 a.C.), átomos em queda livre cujas combinações mecânicas produzem todas as formas do real. Mas eles não caem em linha reta; sua trajetória sofre um desvio ínfimo, a declinação, que introduz um elemento aleatório, um princípio de indeterminação que torna possível a livre escolha.


[Osório diz: O erro de Epicuro].


Fonte: A idade de ouro, História da busca da felicidade, de Georges Minois. Tradução de Christiane Fonseca Gradvohl Colas. UNESP. São Paulo: 2011, p. 56.

 

 

2

 

La pirágua

Maraã, o centro do mundo – II

La pirágua.

Ainda há quem duvide, mas são apenas os ignorantes e se é ignorante é por ser desinformado, não conhecer.

Já quem conhece e duvida, é burro!

Papai (Juarez Barbosa de Lima) já dizia: “Se homenagem não me rendem, é porque não me entendem, eles são irracionais.”

Não sei onde ele aprendeu isso, pois só lia “soletrando”, com muita dificuldade.

Mas, esse mesmo pai analfabeto, nos idos dos anos de 1970, em Maraã, criou a canoagem, modalidade esportiva em que hoje o baiano Isaquias Queiroz faz o merecido sucesso: foi medalha de ouro no individual na última olimpíada (2021).

Em Maraã a disputa de canoas ocorria nas comemorações de 7 de setembro! Várias canoas com seus remadores iam para a disputa no lago de Maraã.

A canoa do papai era a “La pirágua”

Entre os vários remadores, dentre os quais não estava o proprietário da canoa, figurava o seu “Chico Paulo”, marido da dona “Chica Paula”, pais do Luiz, Milton, Valdeci, Paulo e outros.

Seu Chico era um homem forte, musculoso, falava explicado, o que hoje mais me admira ainda, como sua irmã, dona Dácia. Fumava uns cigarros enrolados em papelinho depois do tabaco está picado. Era ele o mestre (também era carpinteiro) de “La pirágua”, era quem comandava os remadores para a vitória!

Medalha de ouro para seu Chico e seus companheiros de remo e seu incentivador principal de terra: Juarez.

Era orgulho para nós vermos a “La pirágua” cruzar a linha de chegada em primeiro lugar!

(Mais história sobre a “La pirágua” está em: ): https://www.youtube.com/watch?v=rPRowttpBog.

Portanto, insisto, tudo que se chama cultura, especialmente a ocidental, começou em Maraã, o ónfalo, ou umbigo do mundo!

Quem não acreditar, que comece a estudar a nossa rica história!

Inté,

Osório Barbosa.

História da feiúra Eco

 

 

Não se deprecie!

 

Você tem algum defeito do qual tenha vergonha?

Vou tentar falar sobre a pergunta acima, não sem antes dizer que conheço aqueles dois ditados populares (“tamanho não é documento” e “dinheiro não traz felicidade”, que, dizem, somente podem ter sido criados por um baixinho pobre!).

Ao longo da minha microexistência, tenho percebido que raramente alguém não se acha defeituoso, seja por qual motivo for!

São os olhos muito abertos, os olhos muito fechados, os outros medianamente abertos e fechados e por aí vai! Nariz, boca, cabelos, orelhas e tudo o mais, sempre o “dono” encontra um defeito em si!

Sempre digo para quem fala dos seus defeitos: não se deprecie, pois, para isso, já existem tantas outras pessoas falando mal de você! Não seja mais uma portanto!

Já vi reclamação a respeito de si mesma de pessoas que milhões julgam belas! Nem vou citar nomes para não contribuir com a baixo estima de ninguém!

Mas digo tudo para sugerir a você que faça de seu “defeito” uma virtude (“que do limão faça a limonada”, como diz o sábio popular).

A exemplo de que isso é possível vou lhes trazer o exemplo da Cindy Crawford (quis namorar comigo, mas recusei!, alerte-se)!

Aquele lindo sinal que ela tem no rosto, se fosse no rosto de quem se detesta, seria causa de angústia, desgosto, aflição etc., e enriquecimento do cirurgião plástico!

Mas, o que fez a modelo?

Capitalizou seu possível “defeito”, transformando em uma marca de sucesso!

Quem não queria olhar, tocar, beijar o sinal de Cindy?

Até eu, que sou bobo, queria!

Você que é magro, gordo, baixo, alto, feio, bonito, branco, negro etc. e tal, não se preocupe com isso, ou faça disso o que Cindy fez com sinal dela: transforme o que você entende como um defeito em um sinal a marcar, como ferro em brasa, as demais pessoas a respeito de quem você é e de como você se vê: belo como a natureza, que todos dizem sábia, o fez!

Saiba que o pior defeito de um ser humano ninguém nem consegue ver! É invisível aos olhos! Qual é?

A falta de caráter!

O escrito acima não é para justificar minha gordura, por exemplo, pois não tenho nada, esteticamente, contra quem é gordo, por exemplo, mas apenas de tentar mostrar que você é muito mais belo do que costuma se achar!

Não fosse a saúde, o que é um problema que nada tem a ver com a beleza, a estética, eu cultivava mais a gordurinha, pois comer é uma das melhores coisas do mundo, perdendo apenas, creio, para a alto estima que, antes de tudo, devemos ter por nós mesmos!

Inté,

Osório Barbosa.

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