Outros Escritos Meus

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Privatização.
 
Explicação para idiotas e para bandidos. 
 
Para bandidos não é necessário explicar, pois é o que eles querem e sabem a razão do seu querer: roubar o povo.
 
Para o idiota:
 
- a empresa pública a ser privarizada (ou o bem público a ser vendido):
 
1 - é de propriedade do povo, portanto, ele também é seu. Vendida, ela passará a ser de uma única pessoa, pessoa que, certamente, não é você, nem um parente ou amigo seu, embora, mesmo que fosse, você estaria de fora.
 
2 - Hoje, enquanto a empresa é pública, você paga pelos serviços que ela presta. Paga preço menor que o devido. Privatizada a empresa, você continuará pagando, só que, agora, por um preço bem maior, regra geral, o dobro.
 
Antes de privatizar, o governo injeta recursos públicos (seus) para melhorar (modernizar) mais ainda a empresa.
 
O governo financia, com seu dinheiro, a compra da empres pública! Regra geral com carência longa, juros pequenos e garantia de reajustes.
 
Resumo: você se lasca várias vezes para que um única pessoa fique rica com seus bens, seu dinheiro e você como cliente. 
 
Pense no seguinte: se a empresa pública fosse um elefante branco, como dizem seus detratores, que rico bandido iria comprá-la?
 
Iria fazer isso para ter prejuízo?
 
Se você não se informa, não saberá fazer um juízo crítico e, sem este,  continuará sendo apenas mais um estúpido.
 
Inté,
 
Osório Barbosa.

 

X Y

Os erros de alguns dos donos das verdades - (V).

por Osório Barbosa e outros.

 

A medida que nos informamos, mas percebemos que não sabemos de nada, aliás, ninguém sabe!

Comece a perguntar e, em breve, o perguntado está em um beco sem saída!

Uns começam a falar algo que ninguém entende (são os filósofos), outros remetem para os deuses (são os religiosos).

Como nada sabemos adquirimos o hábito de repetirmos o que nos dizem como sendo “a verdade”! Com as informações passamos a ver que não é bem verdade aquilo que se diz ser verdade!

Vamos a algumas verdades que não são verdadeiras!

Vamos a outro pensador daquilo que chamamos cultura ocidental (a publicação anterior está indicada ao final). Trata-se de outro grego, Anaximandro, originário da cidade de Mileto situada na Ásia Menor (atual Turquia) foi discípulo de Tales.

Anaximandro divergiu, no todo, Empédocles (terra, água, ar e fogo), de Heráclito (fogo), de Anaxímenes (ar) e de Tales (água), mas prosseguiu na busca pela fundamentação do pensamento racional, afastou-se, também, do pensamento mítico, religioso, dogmático (dogma é aquilo que não se discute), propôs ele que “a origem de todas as coisas era o ‘Apeiron!

O que é o “Apeiron”?

Depois de ler alguns livros, até hoje não compreendi o que seria isso!

Mas, se diz, que o “Apeiron” é “a matéria indefinida, não especificada”.

Anaximandro não propôs, como os demais pensadores citados, um elemento “material”, palpável.

Pelo que conhecemos, as divergências, sempre salutares, entre pensadores teve prosseguimento aí.

E o estraga festas teve seu prazer estragado! Não disse nada contra o tal “Apeiron” continuar produzindo as coisas.

Eu, Osório, tenho dificuldades com o “Apeiron”!

Acho que ele não responde nada sobre a origem ou essência das coisas, ao contrário, deixa tudo como está: sem resposta!

“Matéria indefinida, não especificada” é quase que o mesmo que “não sei” ou “vem de algo que não conheço”! Mas isso todos nós sabemos (“que não sabemos de onde vêm as coisas”!).

Não digo que está sepultada a teoria de Anaximandro, só digo que ela não serve, pois não explica nada! Não mostra qualquer coisa razoável, além da ignorância de que nada sabemos.

Aliás, pensando melhor, podemos dizer que Anaximandro não foi um materialista! O “Apeiron” não pode ser visto como matéria!

Seria ele o primeiro pensador idealista?

A teoria de Anaximandro é, ainda hoje, recordada apenas como referencial histórico do pensamento.

Tem mais!

Aguardem.

 

Inté,

Osório Barbosa.

 

P.S.: publicações anteriores:

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3128-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-i

 

e

 

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3129-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-ii

 

e

 

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3130-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-iii

 

e

 

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3131-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-iv

 

 

 

 

X Y

Os erros de alguns dos donos das verdades - (IV).

por Osório Barbosa e outros.

 

A medida que nos informamos, mas percebemos que não sabemos de nada, aliás, ninguém sabe!

Comece a perguntar e, em breve, o perguntado está em um beco sem saída!

Uns começam a falar algo que ninguém entende (são os filósofos), outros remetem para os deuses (são os religiosos).

Como nada sabemos adquirimos o hábito de repetirmos o que nos dizem como sendo “a verdade”! Com as informações passamos a ver que não é bem verdade aquilo que se diz ser verdade!

Vamos a algumas verdades que não são verdadeiras!

Vamos a outro pensador daquilo que chamamos cultura ocidental (a publicação anterior está indicada ao final). Trata-se de outro grego, Empédocles, originário da cidade de Agrigento situada na Magna Grécia (“Grécia Maior”, atual sul da Itália, especialmente na Sicília).

Empédocles divergiu, em parte, de Heráclito (fogo), de Anaxímenes (ar) e de Tales (água), mas prosseguiu na busca pela fundamentação do pensamento racional, afastou-se, também, do pensamento mítico, religioso, dogmático (dogma é aquilo que não se discute), propôs ele que “a origem de todas as coisas eram a água, o ar, o fogo e a terra”!

Empédocles não propôs, como os demais pensadores citados, um único elemento. Propôs vários, como podemos ver.

Assim, ele fez uma somatória dos elementos propostos por seus antecessores e acrescentou mais a terra. 

Pelo que conhecemos, as divergências, sempre salutares, entre pensadores teve prosseguimento aí.

E o estraga festas continua na sua luta, que não deixa de ser uma batalha em favor do pensamento racional, e volta a abalar “a verdade” de Empédocles com o mesmo argumento com o qual foram contestados os pensamentos de Heráclito, Anaxímenes e Tales.

Qual?

Argumentou ele: “Se tudo tem origem na água, no ar, no fogo e na terra, como diz Empédocles, quando esses quatro elementos deixaram de produzir as coisas?

Estava sepultada a teoria de Empédocles, a qual é, ainda hoje, recordada apenas como referencial histórico do pensamento.

Tem mais!

Aguardem.

 

Inté,

Osório Barbosa.

 

P.S.: publicações anteriores:

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3128-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-i

 

e

 

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3129-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-ii

 

e

 

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3130-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-iii

 

 

X Y

Os erros de alguns dos donos das verdades - (III).

por Osório Barbosa e outros.

 

A medida que nos informamos, mas percebemos que não sabemos de nada, aliás, ninguém sabe!

Comece a perguntar e, em breve, o perguntado está em um beco sem saída!

Uns começam a falar algo que ninguém entende (são os filósofos), outros remetem para os deuses (são os religiosos).

Como nada sabemos adquirimos o hábito de repetirmos o que nos dizem como sendo “a verdade”! Com as informações passamos a ver que não é bem verdade aquilo que se diz ser verdade!

Vamos a algumas verdades que não são verdadeiras!

Vamos a outro pensador daquilo que chamamos cultura ocidental (a publicação anterior está indicada ao final). Trata-se de outro grego, Heráclito, originário da cidade de Éfeso situada também na Ásia Menor (atual Turquia).

Em Maraã tem a rua Heráclito Silva, uma homenagem ao meu avô materno, um dos primeiros vereadores da cidade, cujo nome, por sua vez, homenageava o pensador grego.

Heráclito divergiu de Anaxímenes (ar) e de Tales (água), mas prosseguiu na busca pela fundamentação do pensamento racional, afastando-se, também, do pensamento mítico, religioso, dogmático (aquilo que não se discute), propôs ele que “a origem de todas as coisas era o fogo”!

Pelo que conhecemos, as divergências, sempre salutares, entre pensadores tem prosseguimento aí.

E o estraga prazer continua na sua luta, que não deixa de ser uma batalha de pensamentos, e volta a abalar “a verdade” de Heráclito com o mesmo argumento com o qual foram contestados Anaxímenes e Tales.

Qual?

Argumentou ele: “Se tudo tem origem no fogo, como diz Heráclito, quando o fogo deixou de produzir as coisas?

Estava sepultada a teoria de Heráclito, a qual é, ainda hoje, recordada apenas como referencial histórico do pensamento.

Tem mais!

Aguardem.

 

Inté,

Osório Barbosa.

 

P.S.: publicações anteriores:

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3128-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-i

 

e

 

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3129-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-ii

 

 

 

 

 

X Y

por Osório Barbosa e outros.

 

A medida que nos informamos, mas percebemos que não sabemos de nada, aliás, ninguém sabe!

Comece a perguntar e, em breve, o perguntado está em um beco sem saída!

Uns começam a falar algo que ninguém entende (são os filósofos), outros remetem para os deuses (são os religiosos).

Como nada sabemos adquirimos o hábito de repetirmos o que nos dizem como sendo “a verdade”! Com as informações passamos a ver que não é bem verdade aquilo que se diz ser verdade!

Vamos a algumas verdades que não são verdadeiras!

Vamos a outro pensador daquilo que chamamos cultura ocidental (a publicação anterior está indicada ao final). Trata-se de outro grego, Anaxímenes, também originário da cidade de Mileto situada na Ásia Menor (atual Turquia).

Anaxímenes divergiu de Tales, mas prosseguiu na busca pela fundamentação do pensamento racional, afastando-se, também, do pensamento mítico, religioso, dogmático (aquilo que não se discute), propôs ele que “a origem de todas as coisas era o ar”!

Pelo que conhecemos, as divergências, sempre salutares, entre pensadores começa aí.

Não sei se o mesmo ou outro estraga prazer que abalou a “a verdade” de Tales também opôs o mesmo argumento para contestar Anaxímenes.

Qual?

Argumentou: “Se tudo veio do ar, como diz Anaxímenes, quando o ar deixou de produzir as coisas?

Estava sepultada a teoria de Anaxímenes, a qual é, ainda hoje, recordada apenas como referencial histórico do pensamento.

Tem mais!

Aguardem.

 

Inté,

Osório Barbosa.

 

P.S.: publicação anterior:

https://www.osoriobarbosa.com.br/artigos/contos-escritos-meus/item/3128-os-erros-de-alguns-dos-donos-das-verdades-i

 

 

 

X Y

Os erros de alguns dos donos das verdades - (I).

por Osório Barbosa e outros.

 

A medida que nos informamos, mas percebemos que não sabemos de nada, aliás, ninguém sabe!

Comece a perguntar e, em breve, o perguntado está em um beco sem saída!

Uns começam a falar algo que ninguém entende (são os filósofos), outros remetem para os deuses (são os religiosos).

Como nada sabemos adquirimos o hábito de repetirmos o que nos dizem como sendo “a verdade”! Com as informações passamos a ver que não é bem verdade aquilo que se diz ser verdade!

Vamos a algumas verdades que não são verdadeiras!

Comecemos pelo primeiro pensador daquilo que chamamos cultura ocidental. Trata-se de Tales, cujo sobrenome não sabemos, mas que era da cidade grega de Mileto situada na Ásia Menor (atual Turquia), daí ser conhecido como Tales de Mileto.

Tales, buscando fundar o pensamento racional, afastando-o do pensamento mítico, religioso, dogmático (aquilo que não se discute), propôs que “a origem de todas as coisas era a água”!

Foi um avanço enorme essa postura do grego para sua época.

Depois, muito depois, chegou um estraga prazer e acabou com “a verdade” de Tales.

Como?

Perguntando.

Disse o outro pensador, cuja identidade desconheço: “Se tudo veio da água, como diz Tales, quando a água deixou de produzir as coisas?”

Estava sepultada a teoria de Tales, a qual é, ainda hoje, recordada apenas como referencial histórico do pensamento.

Tem mais!

Aguardem.

 

Inté,

Osório Barbosa.

 Giovani Miguez

Qual a sensação de se ganhar um Prêmio Nobel?

 

Hoje passei pela sensação dos famosos que dizem “sempre sentir um frio no estômago” ao receberem um prêmio!

 

Coisa que eu não acreditava!

 

Já recebi alguns elogios por alguns trabalhos na minha profissão!

 

Um dia um cidadão, por conta de um trabalho que fiz no caso Cosipa/Usimina, disse que eu era um “low profile”!

(https://www.osoriobarbosa.com.br/peca-processual/civel/item/949-cautelar-usiminas-cosipa)

 

Como não conhecia a frase, pois não sei inglês, aliás, não conheço inúmeras frases em português, pensei que era ofensa! Com a ajuda de “universitários” descobri que não era ofensiva.

 

Em 06 de maio de 1999, todos os jornais do Brasil, praticamente, noticiaram minha ida à CPI do Poder Judiciário, tendo um jornal lá do Amazonas estampado: “Procurador não deixa pedra sobre pedra”! (https://www.osoriobarbosa.com.br/entrevista/item/863-cpi-senado-federal-do-poder-judiciario)

 

Alguns anos depois de me mudar de Manaus para São Paulo, o maior jornal do Estado do Amazonas fez o seguinte editorial: https://www.osoriobarbosa.com.br/entrevista/item/864-procuradores

 

Esses e outros elogios decorreram do meu trabalho normal, não buscava por eles, embora tenham sido extremamente envaidecedores, mas, repito, não tinha essa finalidade. Contudo, vieram e foram bem-vindos e são tratados com carinho.

 

Um dia, há muitos anos, li o livro “Pablo e Dom Pablo”, de Jurema Finamour, onde ela narra a trajetória (as vezes chocante) de Pablo Neruda para ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Ela era sua secretária!

 

Em vários livros que li, e já ouvi de algumas pessoas, no mundo da divulgação de escrita e premiação é necessário, como em tudo na vida, “ter contatos influentes”!

 

Freud foi assim! Einstein foi assim ao quadrado, dizia o físico brasileiro César Lattes...

 

Freud eu constato, a cada leitura, que foi um péssimo médico, mas um genial escritor.

 

Einstein tudo que é citado dele não tem fonte!

 

Mas são homens premiadíssimos!

 

Confesso que sempre tive pouca segurança sobre meus escritos não-jurídicos, talvez essa seja uma diferença com alguns escritores e, com os nordestinos, de quem tenho sangue, que não se envergonham com nada e nem por nada, daí seus sucessos, especialmente destes últimos no humor, por exemplo.

 

Ganhar um Prêmio Nobel requer muitos contatos, influências, jogo político, inclusive com o poder do país do pretendente. Não é nada fácil! A diplomacia e os pedidos têm que ser postos em campo!

 

Fiquei espantado quando o Marcelo Nocelli, editor dos “Poemas passionais” me disse que quem vende o livro é o autor!

 

É que eu vinha de uma experiência anterior atípica: tinha “vendido” 3.500 exemplares de um livro de cerca de 1.000 páginas sem quase nenhum esforço pessoal!

(https://www.osoriobarbosa.com.br/ideia/curiosidades/item/1608-como-um-livro-mudou-a-minha-vida-ou-como-juarez-de-oliveira-mudou-a-minha-vida)

 

Mas, confesso, tenho insegurança de oferecer meus livros, a uma pelo mau costume das pessoas em acharem que os editores não vivem de seus trabalhos, bem como os escritores profissionais, que não é o meu caso, e talvez seja esta a origem da minha timidez!

 

Mas como já li “Dom Quixote” algumas vezes, deveria ter aprendido com Cervantes que:

 

“Acontece muitas vezes ter um pai um filho feio e extremamente desengraçado, mas o amor paternal lhe põe uma peneira nos olhos para que não veja estas enormidades, antes as julga como discrições e lindezas, e está sempre a contá-las aos seus amigos, como agudezas e donaires.

Porém eu, que, ainda que pareço pai, não sou contudo senão padrasto de D. Quixote, não quero deixar-me ir com a corrente do uso, nem pedir-te, quase com as lágrimas nos olhos, como por aí fazem muitos, que tu, leitor caríssimo, me perdoes ou desculpes as faltas que encontrares e descobrires neste meu filho; e porque não és seu parente nem seu amigo, e tens a tua alma no teu corpo, e a tua liberdade de julgar muito à larga e a teu gosto, e estás em tua casa, onde és senhor dela como el-rei das suas alcavalas, e sabes o que comumente se diz que debaixo do meu manto ao rei mato (o que tudo te isenta de todo o respeito e obrigação) podes do mesmo modo dizer desta história tudo quanto te lembrar sem teres medo de que te caluniem pelo mal, nem te premeiem pelo bem que dela disseres.

O que eu somente muito desejava era dar-ta mondada e despida, sem os ornatos de prólogo nem do inumerável catálogo dos costumados sonetos, epigramas, e elogios, que no princípio dos livros por aí é uso pôr-se; pois não tenho remédio senão dizer-te que, apesar de me haver custado algum trabalho a composição desta história, foi contudo o maior de todos fazer esta prefação, que vais agora lendo.”

 

Mas é o próprio Cervantes quem diz da necessidade que temos de alguém para atestar o nosso trabalho!

 

Além do que do livro consta, não busquei, além do círculo restrito das amizades pessoas, depois da sua publicação, maiores “atestados” sobre ele!

 

Eis que, de repente, me aparece Giovani Miguez e diz:

 

“A POESIA DA VIDA

 

acabo de ler

POEMAS PASSIONAIS

de Osório Barbosa

Ed. PasaVento, 2015

 

Uma poesia clara, profunda e passional que, entretanto, não se perde em hermetismos estéticos. É como a vida: simples e ao mesmo tempo intensa. Osório se eleva como um poeta que fotografa com maestria a condição humana.

 

Recomendo!

 

[SINOPSE]

 

Nestes ''poemas passionais'', o autor, Osório Barbosa, usa sua criação para explorar, conhecer e sentir o mundo que habita. Sua matéria-prima é a vida, a sua vida: uma miríade de sentimentos, impressões, experiências, por isso, em seus versos há uma trajetória que rompe a incapacidade de dizer, o medo de se expor e de não ser compreendido. Osório é Bacharel em direito e procurador da República, posição que exige seriedade e conhecimento para a capacitação postularia, para sopesar argumentos, com a missão de fiscalizar e manter a lei, mas que também flerta com a filosofia... Além disso, Osório nasceu e cresceu sobre as águas da floresta amazônica e sob as lendas daquela região. Se, a princípio, essas duas esferas (os tribunais e a natureza) possam parecer muito distantes, entre elas, Osório construiu uma grande ponte, estruturada em arte, de onde nos mostra uma visão panorâmica dos nobres sentimentos humanos. É do alto desta ponte, de modo passional, que o leitor se deixa atravessar pelo lirismo e concisão dos poemas deste amazonense de fala e escrita leve, e grande capacidade de produzir belas construções verbais sobre os encantos e desencantos humanos.

 

APOIE

O POETA.

 

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Leia meus livros!

umaniste.blog/leitura.”

 

Abalou minhas estruturas!

 

Em uma mistura de Alcione e Chico, digo: "abalou meus alicerces de mulher."

 

Disse tudo isso para agradecer ao amigo (hoje já o posso ter em tal conta!) Giovani Miguez, a quem não conheço pessoalmente, por seu despojamento, disposição e generosidade estampados no escrito.

 

Hoje já posso dizer que senti a sensação, talvez maior, pois não esperada, de como é ganhar um Prêmio Nobel!

 

Ele veio!

 

Daqui do lado e outorgado por um Poeta, sem pedido, sem insinuação, o que torna a minha premiação legítima e incontestável, pois nasceu do ânimo do julgador e sem que eu tenha imaginado sequer a existência de concorrentes!

 

Obrigado Giovani Miguez, se não fosse tamanha a presunção, eu diria que você lavou a minha alma de aprendiz de poeta!

 

Eternamente grato,

 

Osório Barbosa.

 

“Historinha de Maraã”

 
“As vezes ficávamos o dia todo tomando banho no lago de Maraã ou no rio Japurá. Éramos vários meninos, mas nunca nenhum de nós sumiu engolido por um peixe ou por outro animal! Mas nossos pais, creio que para nos fazer medo, viviam fantasiando a esse respeito, dizendo que não era para irmos para a beira do rio.
 
Para não dizer que não aconteceu nunca nada, logo que a nova sede municipal foi instalada na localidade atual, alguns meninos perderam alguns dedos dos pés levados pelas piranhas pretas, dentre os quais o “Dr. do seu Pedro Moita”. Depois de um tempo as piranhas sumiram.
 
Nossas mães detestavam uma de nossas brincadeiras favoritas nos barrancos, que era a seguinte: como não existia “toboágua”, fazíamos uma trilha no barro para servir como tal, alisávamos bem usando nossas mãos e água e depois escorregávamos barranco abaixo até cairmos no rio. É uma brincadeira muito divertida, legal mesmo. O inconveniente, e daí as brigas maternas, é que os nossos calções ficam puídos e se estragam, rasgando rapidamente. O atrito com o barro vai afinando o pano até ele ficar muito fino, mesmo os panos mais grossos e, logo em seguida, rasgam-se.
 
O prazer da brincadeira compensava alguns safanões.”
 
Dias depois, a Cris, me enviou o seguinte link: https://www.facebook.com/video.php?v=933563980011677.
 
Ou seja, ao que eu tinha escrito ao lembrar-me da minha infância juntou-se essa linda imagem (abaixo) que, felizmente, está aí para todos assistirem, sendo que a minha está guardada apenas na minha memória e daqueles com os quais brincávamos.
 
Até mais,
 
Osório Barbosa.

“Quem tem égua não compra cavalo!”

 

Ainda menino, perdido nas selvas amazônicas, lá em Maraã, ouvi de meu pai a frase acima, a qual nunca esqueci, porém não entendia do que se tratava. Apenas depois de velho a frase começou a fazer sentido para mim!

 

A égua é a fêmea do cavalo. Ora, quem tem uma égua não precisa comprar um cavalo para com ela cruzar, basta colocá-la para fazê-lo com um cavalo qualquer solto pelo mundo, ou de um vizinho em uma breve escapulida! Ou seja: não precisa investir, gastar dinheiro (investir) comprado um cavalo para emprenhar a égua e dele ter suas crias.

 

Acho que essa regra do “menor esforço” ou da “esperteza” pode ser aplicada ao homem de um modo geral, da seguinte forma:

 

“Um homem só trabalha se não tiver um outro que faça isso por ele”!

 

A frase dita por meu pai cai como uma luva à mão!

 

Se o malandro tiver onde se encostar, ele se encosta.

 

Por que as viúvas ricas são tão requisitadas?

(Vamos trabalhar sempre com a regras, pois as exceções são apenas exceções).

 

Pois bem.

 

O homem, nós, não sabemos nada sobre nossas origens, menos ainda sobre as origens do universo. Tudo que temos são teorias, todas elas mal elaboradas, pois, são teorias e não “verdades”, se é que a verdade existe.

 

Se alguma verdade existe, ela ainda não foi provada!

(Adoto esse modo de pensar).

 

Teorias são como tudo o mais na vida: umas boas, umas razoáveis, outras ruins e algumas péssimas. Mas, enquanto não temos outra melhor, convivemos com o que temos em termos de conhecimento.

 

Toda teoria bem exposta pelo seu autor, e que recebe apoio de quem tem influência, costuma sobreviver até que uma outra venha e a exploda ou imploda, quando, então ela morre e é substituída (ou não. As vezes ela continua moribunda, mas sem outra para ocupar o seu lugar, pois a sua destruidora apenas a destruiu, mas não a substituiu).

 

Tudo que sabemos sobre nós mesmos, homens, é tão recente e tão frágil, igual a um bebê humano quando nasce.

 

Estamos, segundo aquilo que se chama de ciência, há muitos milhões de anos sobre a terra e esta data de bilhões de anos, e tudo sobre o que temos alguma segurança em termos de conhecimento não data de poucos milhares de anos.

 

Por falta de melhores dados, fiquemos com algo entre dez mil e cinco mil anos para o recuo histórico onde tudo se torna escuridão.

 

Por que dessas datas?

 

Há dez mil anos nascia a agricultura!

(Acredita-se).

 

Há cinco mil anos nascia a escrita! A melhor forma de transmissão de conhecimento até o século XX.

 

Ou seja, é tudo mundo jovem, recém-nascido para o conhecimento de um mundo tão velho. Mas é o que temos.

 

Dizem que a origem da vida está localizada da África.

 

Dizem que os nossos ancestrais africanos viviam em árvores em busca de proteção contra predadores mais fortes que eles.

 

Das árvores desciam em busca de comida e escolhiam, claro, suas vítimas entre os animais mais fracos que eles.

 

Aqui já notamos a importância de algo que vai permanecer na história do homem de várias formas: a força!

 

Domina, em princípio, quem tiver mais força, sendo que, nessa época, a força que contava era a física, os músculos, as mandíbulas e as garras.

 

Dizem que nossos ancestrais eram nômades, viviam perambulando, andando pelo mundo em busca de comida e abrigo. Éramos animais catadores ou coletores daquilo que precisávamos e que encontrávamos na então farta natureza.

 

Os alimentos encontrados, inicialmente no meio-ambiente, foram ficando escassos para uma população que só aumentava. Isso levou os homens a se fixarem. E se fixaram para que pudessem plantar e colher.

 

Eis o nascimento da agricultura para a produção de alimentos.

 

Com a sua fixação à terra, o homem procura por novas moradas diversas dos galhos das árvores. Primeiro ele habita as cavernas (deixou muitos de seus desenhos e fogueiras nelas). Bem depois constrói cidades.

 

Podemos perceber, até aqui, algumas das necessidades básicas do ser humano e como ele fazia para satisfazê-la:

 

Fome – alimento.

 

Segurança – moradia.

 

Alimento – trabalho.

 

Algo que me foge a tudo isso ainda é a procriação humana.

 

A procriação somente é possível entre um macho e uma fêmea, sendo o hermafroditismo mera ficção.

 

Como macho e fêmea se atraiam?

 

Como nasceu o sentimento de “pertencimento” entre os dois membros do par?

 

Quando nasceu a noção de amor (proteção) aos filhos? De parte da mulher é mais conjecturável, especialmente pelo comparativo que podemos traçar com as outras fêmeas do reino animal, onde o extinto de proteção vai além da própria vida de uma mãe.

 

A mulher é uma fêmea diferente das demais, até onde sei, pois não tem cio! Vive eternamente no cio, enquanto as outras fêmeas têm em determinado período do ano.

 

Não sei se a dominação do homem sobre os outros começa com a “apropriação” da mulher por parte dele, embora tudo indique que sim, pois, por ela, o homem perde cidades, estados, reinos, fortunas e outros bens materiais, mas, fundamentalmente, a vida. Vide o duelo que teve existência forte na Europa até o século IX. Euclides da Cunha é o maior exemplo brasileiro.

 

Mas este é outro caminho, o qual gostaríamos de conhecer com a ajuda de quem souber.

 

Voltemos para a produção: moradias, roupas (do que ainda não tínhamos falado até agora, mas que é importante para o conforto e a sobrevivência do homem sob determinadas temperaturas) e alimentos.

 

Ora, é a produção dessa tríade de artefatos que garantem a vida do homem, mas que requerem algo fundamental: o trabalho!

 

Trabalho é algo, regra geral, cansativo, maçante, desgastante, dolorido, não-querido, limitador e portador de inúmeras outras desvantagens físicas e... psicológicas.

 

Mesmos os trabalhos que gostamos de fazer, ou que “fazemos com prazer”, são desgastantes e exigem algum descanso depois de outro tempo em que foram executados.

 

Os trabalhos mais duros – como quebrar pedras para a construção de casas; limpar, arar, semear, colher e beneficiar a colheita –, são os mais desgastantes e brutais que existem, assim como cavar uma mina de carvão durante doze horas por dia a vários metros sob a superfície da terra, sem a luz do sol, com oxigênio de péssima qualidade e sem equipamentos de proteção.

 

Que homem fará um trabalho desses se tiver um outro homem que o faça por ele?

 

Aí volta meu pai, Juarez Barbosa de Lima, com: “quem tem égua não compra cavalo”!

 

Depois continuamos.

 

Inté,

 

Osório Barbosa

 

Obs.: o mais conhecido é o ditado popular: “Quem tem besta não compra cavalo”. Ambos servem. Se você tem um para trabalhar, não precisará do outro.

Eu tu NÓS 

Eu + tu ≠ NÓS.

(eu mais tu "é" diferente de nós!)

 

O homem não sabe quando aprendeu a pensar.

O homem não sabe quando aprendeu a falar.

O homem não sabe quando aprendeu a escrever.

Mas muitos homens acham que sabem de alguma coisa!

Muitos homens acham que conhecem a verdade!

Em um templo grego, dizem, tinha a seguinte inscrição: “Conhece-te a ti mesmo”.

Essa lição é interessante, pois é um roteiro: antes de tudo precisamos conhecer a nós mesmos.

Se não conhecemos a nós mesmos como conhecer outras pessoas ou coisas?

Passados muitos anos, especialmente depois da invenção da escrita, marco na transmissão do conhecimento, o homem continha sem nada conhecer.

Em todos os livros de todos os autores encontra-se a seguinte observação: “Não temos a pretensão de esgotar o tema que hora expomos.”

Ora, nem que ele tivesse a pretensão de esgotar ele conseguiria, pois os temas são inesgotáveis!

Mesmo assim, e dizendo que não querem ser donos da verdade, alguns autores posam como tais!

Dito isto, fica a dica: EU NÃO SEI DE NADA!

Vivo tentando seguir a frase do templo, ou seja, tentando me conhecer.

 

Li, certo dia, a seguinte frase:

O homem é um ser tão dependente que até para ser corno ele precisa da ajuda de uma mulher.”

Há muita sabedoria, aliás, uma enorme sabedoria na dita “sabedoria popular”, sem problema com a redundância.

Embora a sabedoria popular costume ser rebaixada, depreciada pela dita sabedoria dos doutores.

É o mesmo que, até pouco tempo, ocorria na medicina, que costuma desprezar as curas efetuadas pelos remédios populares, vindos dos curandeiros, benzedeiras e dos pajés etc., situação que evoluiu e que elevou a chamada ciência em busca desses conhecimentos.

Usei a frase acima para afirmar a constatação que costumamos esquecer: o homem não é nada sem outro homem!

Do berço (mãe) ao túmulo (parentes ou amigos) ele depende de outras pessoas, embora costume se julgar uma autarquia (aquilo que não depende de outro para sua existência), e assim o faz por vaidade ou burrice, ou os dois juntos.

O homem é o mais frágil dos animais em seus primeiros instantes de vida! Sem a ajuda de outra pessoa morre em poucos instantes.

Aquelas histórias de pessoas criadas por animais são meras criações da mente humana em sonhos ou delírios.

Uma criança costuma criar um animal, com sua carne, não o contrário.

Daquilo que conhecemos da evolução histórica do homem, podemos fazer algumas afirmações, mas todas elas bastantes precárias e sujeitas a correções, obviamente.

Aliás, as pessoas não gostam muito de ouvir isso: que irão ouvir coisas que não são verdadeiras ou que podem não ser verdadeiras. As pessoas gostam de ouvir “a verdade”, seja lá o que isso signifique para elas, mas, geralmente, significa que a pessoa que disse merece confiança. Assim, a verdade vale mais por conta de quem disse do que por ela mesma.

Entretanto, a verdade não vale nada nem por ela mesma nem por quem a disse!

É que a verdade não é algo que se “ache”, que se “encontre”, aquilo que podemos chamar de verdade é algo sempre construído.

Quando se fala em verdade sempre se pensa em algo duro, fixo, rijo, imutável, quando, depois que se começa a entender sobre o tema, descobre-se que ela é algo mutável, flexível, inconstante, fluido, fugaz, maleável, incerta.

A terra já foi o centro do universo! Primeira verdade.

O sol já foi o centro do universo! Segunda verdade.

O sistema solar é só uma das muitas galáxias existentes. Terceira verdade.

Ou seja, temos, no exemplo acima, três verdades para uma mesma coisa!

Não se sabe quando, o homem percebeu que ele pensa! Isso parece tão simples e vulgar que sequer costumamos prestar atenção nisso, mas isso foi revolucionário em algum momento de nossa bilenar existência (o homem talvez exista há bilhões de anos).

Descoberto o pensar, o homem deve ter percebido que pensava apenas para si mesmo. Nesse pensar para si criava figuras em sua mente que imaginou poder compartilhar com outro homem. Mas como fazer isso?

Pela linguagem. Primeiro a gestual, que usamos até hoje, mas, fundamentalmente, pela fala (linguagem vem de língua), pelo dizer.

Ora, mas o dizer não significa se fazer compreender!

Onde o homem começou a dizer e a se fazer compreender pelo outro homem?

Toda essa informação está perdida!

Perdida a informação, o homem passou a conjecturar, fazer suposições sobre a informação que se perdeu. Criar hipóteses, construir teorias.

Mas teorias são válidas até que apareçam outras melhores. Elas trazem em si a marca da incerteza, da instabilidade, o germe de sua superação.

Nesse mundo de incertezas, de ignorância, um Sofista grego, de nome Protágoras cunhou uma frase lapidar! Disse ele:

“O homem é a medida de todas as coisas.”

Ou seja, tudo que é ou existe só é ou existe porque o homem diz que é ou existe, pois nada é ou existe sem que tenha sido o homem quem tenha afirmado.

Protágoras foi o primeiro escritor, ao que se sabe, a registrar esse poder criador do homem, mas que implica, também, a dependência do homem para com outros homens.

De que serviria a linguagem para o homem se não fosse para se comunicar com outro homem?

Quando o homem se comunica com ele mesmo não precisa de linguagem, pois ele se entende sem ela.

A linguagem serve para a comunicação do homem com outro homem, portanto.

Protágoras teve um mito que criou conservado em um escrito de Platão. É o mito de Prometeu e que diz:

Houve um tempo em que os deuses existiam, mas não as raças mortais (Osório diz: nascimento da humanidade). E quando adveio o tempo destinado a sua criação, os deuses moldaram suas formas no interior da terra, misturando terra, fogo e diversos compostos de terra e fogo (Osório diz: de que o homem é feito). Quando estavam prontos para trazer essas criaturas à luz, encarregaram Prometeu e Epimeteu (Osório diz: dois irmãos. O primeiro, Prometeu, prudente e o outro, Epimeteu, o imprudente) de destinar a cada uma delassuas faculdades e capacidades apropriadas (Osório diz: distribuir as ferramentas de que precisaria o homem)Epimeteu implorou a Prometeu o privilégio de atribuir/distribuir as faculdades. 'Quando tiver findado a atribuição', ele disse, 'poderás fazer uma inspeção'. Com a anuência de Prometeu, Epimeteu iniciou a distribuição de faculdades.

A algumas criaturas ele destinou força, deixando-as desprovidas de rapidez (Osório diz: o elefante, por exemplo); às mais fracas ele atribuiu rapidez (Osório diz: ao coelho, por exemplo); a algumas atribuiu armas (Osório diz: tigres), enquanto deixou outras desarmadas (Osório diz: o tatu), porém concebeu para estas (Osório diz: as desarmadas) alguns outros meios para sua preservação. As criaturas de pequenas proporções compensou com asas (Osório diz: pássaros) ou com uma morada subterrânea (Osório diz: ainda o tatu). O tamanho, para aquelas tornadas grandes (Osório diz: elefante) por ele, constituía por si só uma proteção. E mediante esse critério da compensação (Osório diz: com o qual buscava equilibrar vantagens e desvantagens) atribuiu todas as demais propriedades, realizando ajustes e tomando precauções contra a possível extinção de qualquer uma das raças.

Depois de equipá-las com defesas contra aniquilação mútua, concebeu proteções contra as estações (Osório diz: frio e calorordenadas por Zeus, revestindo-as com pelos espessos (Osório diz: ursos) e couros rígidos (Osório diz: focas) suficientes para proteger do inverno e igualmente eficientes contra o calor, além de servirem inclusive de mantas próprias e naturais para quando fossem dormir. Algumas calçou com cascos (Osório diz: cavalos), outras, com garras (Osório diz: águias) e sólidos couros destituídos de sangue (Osório diz: nosso peixe-boi). Na sequência, passou a prover cada uma das raças com seu alimento adequado, umas com pastagem da terra (Osório diz: bois), outras com frutos das árvores (Osório diz: macacos), e outras ainda com raízes (Osório diz: comedores de macaxeira!). E a um certo número de raças disponibilizou como alimento outras criaturas (Osório diz: leões). A algumas atribuiu uma limitada capacidade de reprodução (Osório diz: um filho por cria e por períodos longos, como é o caso do elefante), ao passo que a outras, que eram devoradas pelas primeiras, atribuiu uma capacidade de grande proliferação (Osório diz: os peixes), assegurando assim a sobrevivência dessas espécies.

Epimeteu, contudo, insuficientemente sábio (Osório diz: por isso seu nome significa imprudente), de maneira descuidada esbanjou seu estoque de faculdades e capacidades com os animais irracionais. Ficara com a raça humana completamente não equipada e, enquanto circulava desorientado sobre o que fazer com ela, Prometeu chegou para proceder à inspeção de sua distribuição e constatou que, enquanto os outros animais estavam completa e adequadamente providos de tudo, o ser humano encontrava-se nu, descalço, não acamado e desarmado (Osório diz: papai, lá em Maraã, dizia que o ser humano é o mais frágil dos animais e, que, deveria, ter seus filhos como os jabutis têm os seus: vão largando os seus ovos pelo caminho e quando os filhotes nascem “eles que deem o seu jeito”! Papai, irresponsavelmente, era meio jabuti em relação aos seus filhos!). E já era o dia destinado para que o ser humano e todos os outros animais emergissem da terra para a luz. Foi quando Prometeu, em desesperada desorientação quanto a que forma de preservação poderia conceber para a sobrevivência do ser humano, subtraiu de Hefaístos (Osório diz: deus grego do fogo) e Atena (Osório diz: deusa grega da sabedoria e da guerra) sabedoria nas artes práticas juntamente com o fogo, sem o qual esse tipo de sabedoria se mostra factualmente inútil, e os entregou ao ser humano. Mas, embora o ser humano aja com isso adquirido, a sabedoria para preservar sua vida cotidiana, faltou-lhe a sabedoria para a vida cívica em comunidade (Osório diz: justamente, a POLÍTICA!), sabedoria esta de posse de ZeusPois, Prometeu não tinha mais acesso livre à cidadela onde mora Zeus, isso sem considerar, ademais, a presença de seus temíveis guardas. Mas ele conseguiu entrar, sem ser visto, no prédio utilizado conjuntamente por Atena e Hefaístos nas suas atividades, furtando tanto a arte do fogo de Hefaístos quanto todas as artes de Atena e entregando-as à raça humana. Possibilitou com isso a provisão dos recursos que permitem a manutenção da vida humana. Mas Prometeu, por conta do erro de Epimeteu, posteriormente foi acusado por furto (Osório diz: foi acusado e condenado! Foi acorrentado a uma pedra e, todos os dias, uma águia comia o seu fígado, que se refazia durante a noite para, no dia seguinte recomeçar o seu martírio).

Entretanto, agora que o ser humano passara a compartilhar com os deuses de algo que antes fora exclusivo destes últimos, ele, primeiramente,devido a uma espécie de afinidade ou proximidade com os deuses (Osório diz: imagem e semelhança?), tornou-se o único animal que os venerava, tendo erigido altares e confeccionado imagens sagradas; em segundo lugar, não demorou a capacitar-se, em função de sua habilidade, a articular a voz e as palavras (Osório diz: somos os únicos animais que falamos), e a inventar casas, roupas, calçados, leitos e nutrir-se dos alimentos provenientes da terra (Osório diz:início da agricultura). Equipados com isso,os seres humanos no começo viviam esparsos e isolados, não havendocidades (Osório diz: dado importante, pois somente nas cidades pode haver POLÍTICA)Nessa situação, eram destruídos por animais selvagens, visto serem estes em todos os aspectos mais fortes do que a humanidade. E embora a habilidade humana nas atividades manuais bastasse para prover o alimento, mostrava-se deficiente no que tangia à luta contra os animais selvagens.A razão disso era carecerem ainda da arte política (Osório diz: eis a conscientização da necessidade da POLÍTICA), da qual a arte da guerra constitui uma parteTentaram assim viver unidos e garantir a sobrevivência fundando cidadesEntretanto, tão logo passaram a viver juntos, começaram a cometer injustiças entre si, já que lhes faltava a arte política (Osório diz: “a arte de viver em comunidade numa sociedade organizada civil (cidade-Estado) regida por leis)O resultado foi voltarem a se dispersar e serem destruídos. Zeus, temeroso que nossa raça estivesse ameaçada de completa extinção, enviou Hermes (Osório diz: filho de Zeus e seu mensageiro) para instaurar senso de pudor e de justiça (Osório diz: os dois ingredientes fundamentais para a POLÍTICA) entre os seres humanos, de modo que passassem a existir ordem nas cidades e laços de amizade que as unissem.E Hermes indagou a Zeus comodistribuir justiça e pudor entre os seres humanos'Deverei distribuí-loscomo o foram as artes?Esse aquinhoamento foi feito de sorte que um indivíduo detentor da arte da medicina é capaz de tratar muitos indivíduos comuns, o mesmo acontecendo com os outros profissionais. Deverei colocar entre os seres humanos justiça e pudor igualmente desse modo, ou distribuí-los a todos?' 'A todos', respondeu Zeus, 'e que todos tenham deles um quinhão, pois não é possível que as cidades sejam formadas se apenas alguns poucos tiverem uma porção de justiça e pudor, como de outras artes (Osório diz: assim, em questão de POLÍTICA, todos os homens são iguais, pois receberam os mesmos bens necessários em quantidades iguais, por isso todos podem participar da vida política). E estabelece a seguinte lei determinada por mim: Aquele que não conseguir partilhar pudor e justiça deverá morrer, por ser uma pestilência para a cidade' (Osório diz: aqui Zeus impõe a necessidade de obediência as leis. Mas que leis? Aquelas leis que forem criadas pelos próprios homens em benefícios deles).

Consequentemente, Sócrates, ocorre que as pessoas nos Estados, e particularmente em Atenas, julgam que cabe a uns poucos aconselharem relativamente à excelência na marcenaria ou naquela relativa a qualquer outro ofício profissional, de maneira que, se qualquer um que não esteja entre esses poucos se pronunciar a respeito da matéria em pauta, não o admitem, como dizes, e não sem razão, segundo penso (Osório diz: nem todos sabem debater problemas técnicos-profissionais). Mas quando o debate envolve a solicitação de um aconselhamento que diz respeito à virtude cívica, esfera em que podem ser inteiramente norteadas pela justiça e o bom senso, as pessoas admitem naturalmente o aconselhamento de quem quer que seja, na medida em que se pensa que todos são aquinhoados com essa virtude (Isto é, a virtude política ou cívica), pois caso contrário os Estados não existiriam. Eis aí a explicação, Sócrates (Osório diz: diferentemente das questões técnicas, em política todos podem opinar e debater. Nem todos sabem desenhar, mas todos sabem discutir seus interesses políticos).

E para que não penses que estás sendo ludibriado, ofereço-te uma prova adicional de que todos os seres humanos verdadeiramente creem que todos possuem um quinhão da justiça e do restante da virtude cívica (Osório diz: de política, portanto)Em todas as demais artes acompanhadas de suas virtudes, tal como dizes, quando alguém afirma ter competência quanto a tocar flauta ou em qualquer outra arte e não a tem, torna-se alvo de zombaria, desprezo ou indignação, sua família dele se aproximando e o censurando como se houvesse enlouquecido. Mas quando se trata da justiça ou de qualquer outra virtude política ou cívica, mesmo que saibam que um determinado indivíduo é injusto, se este confessar publicamente a verdade sobre si mesmo, classificarão essa sinceridade de loucura, ao passo que na situação anterior (Ou seja, com referência às atividades artísticas profissionais) a classificariam como bom sensoAfirmam que todos devem professar serem justos, quer sejam ou não, e que todo aquele que não reivindicar de algum modo ser justo é destituído de senso, visto que necessariamente todos, de umaforma ou outra, possuem algum quinhão da justiça, ou não pertenceriam à espécie humana.

Este é, portanto, meu primeiro ponto, ou seja, é razoável admitir que todos os homens (Platão retrata Protágoras tomando como modelo uma Assembleia popular de um Estado sob o regime democrático [como a Atenas de seu tempo]sejam conselheiros no que toca a essa virtude, na medida em que todos (Ou seja, todos os homens que, na qualidade de cidadãos, participam da Assembleia do povo, solicitando conselhos sobre as matérias para posterior deliberação) creem que todos os seres humanos possuem alguma parcela dela (Osório diz: da virtude política). O próximo ponto que tentarei demonstrar, obtendo para ele convencimento, é que essas pessoas não consideram essa virtude como natural ou de geração espontânea, mas como algo que é produto do ensino e adquirido após cuidadoso preparo por aqueles que o adquirem (Osório diz: portanto para adquiri-la, temos que estudar).

No caso de males que os seres humanos universalmente consideram que atingiram seus semelhantes por força da natureza ou da sorte, ninguém jamais se indigna com os atingidos, ou os reprova, adverte, pune ou procura corrigi-los. Tornam-se tão-só objeto de compaixão. Ninguém, em seu juízo, tentaria agir de tal maneira em relação a alguém que é feio, esquelético ou fraco(Osório diz: o sofista defendendo o direito das minorias e a igualdade. Não o feito pela natureza, mas o feito pelo homem é que é passível de ação)A razão, suponho, é se saber que as pessoas são atingidas por esses males naturalmente ou por força do acaso, [na verdade] tanto os males quanto seus opostos. No que se refere, contudo, a todos os bens que se supõe que as pessoas obtêm através de aplicação, prática e ensinamento, se alguém não os possui, mas somente seus opostos, ou seja, os males, tornar-se-á certamente objeto de ódio, castigo e reprovação. Entre esses males encontram-se a injustiça e a impiedade e, em síntese, tudo aquilo que se opõe à civilidade (A virtude cívica); essas ofensas atraem sempre ódio e reprovação claramente porqueessa virtude é considerada algo que se adquire através da aplicação e do aprendizadoSe examinaresa punição Sócratese o controle exercido por esta sobre os malfeitores, os fatos te dirão queos seres humanos consideram a virtude algo obtido mediante aprendizadoDe fato, ninguém irá punir um malfeitorexclusivamente em função de ter observado o mal ou em função do próprio mal cometido, salvo que se esteja meramente praticando a vingança irracional de um animal selvagem. A punição racional não se identifica com vingança pessoal por uma injustiça perpetrada, pois não se pode desfazer o que foi feito (Osório diz: o sofista ensinando Direito Penal)A punição racional é, sim, empreendida com vistas ao futuro, no sentido de intimidar tanto o malfeitor quanto qualquer pessoa que assista a ele ser punido por reincidir no crimeEssa postura que encara a punição como intimidação implicao caráter de aprendizado da virtude. Essa é a postura, a opinião aceita, de todos os que buscam o revide na vida privada ou pública. Geralmente, todos os seres humanos buscam o revide e a punição daqueles que acham que os injustiçaram, o que se aplica especialmente aos atenienses, teus concidadãos, de forma que com base em nosso argumento também os atenienses partilham da opinião de que a virtude é adquirida e ensinadaAssim, tenho como demonstrado que é com o respaldo da razão que teus concidadãos admitem os conselhos de um ferreiro ou de um sapateiro em matéria de assuntos do Estado (Osório diz: em matéria política), e que consideram a virtude como ensinada e adquirida. E me parece, Sócrates, que disso também forneci suficiente demonstração.

Resta ainda ocupar-me de tua dificuldade, a saber, o problema que levantaste com respeito a homens bons, que promovem a educação de seus filhos nos cursos regulares dos mestres, propiciando-lhes os conhecimentos nas matérias ministradas nesses cursos, mas que não conseguem que se destaquem nas virtudes em que eles próprios se destacam (Osório diz: a virtude não é hereditária).Neste caso, Sócrates, renunciarei ao mito e te oferecerei um argumentoObserva o seguinte:Há ou não há uma coisa que todos os cidadãos precisam possuir para que possa existir um Estado?Encontra-se aqui e em nenhum outro lugar a solução de teu problema. De fato, se houver essa coisa, ela será, em vez da arte do carpinteiro, da do ferreiro, ou da do oleiro, a justiça, o auto-controle e a devoção – em suma, aquilo que posso combinar e chamar globalmente de virtude de um homemE se é essa coisa que todos devem partilhar e com o que todos os indivíduos devem atuar sempre que desejarem aprender algo ou realizar algo, não devendo agir sem poder contar com ela, e se devemos instruir e punir os que dela não têm um quinhão, quer seja uma criança, um homem ou uma mulher, até que a punição destes os tenha tornado melhores, e devemos desterrar de nossas cidades ou executar, como incuráveis, aqueles que não conseguirem responder a essa punição e instrução – se assim for, se esta for a natureza dessa coisa, e os homens bons educam seus filhos em tudo exceto nela, então devemos cair em pasmo diante do quão bizarro é o comportamento dos homens bons! Pois demonstramos que encaram essa coisa como passível de ensino tanto na vida privada quanto na pública. Como pode ser algo ensinado e cultivado, é possível que providenciem o ensino aos seus filhos de tudo cuja ignorância não os faça incorrer na pena de morte, enquanto numa matéria cuja a ausência de instrução e cultivo (isto é, a virtude) resulta na execução ou exílio de seus filhos – e não só na morte, como também no confisco das propriedades e praticamente numa total catástrofe familiar – não providenciem a educação deles e não tomem com eles o máximo cuidado? É imperioso concluirmos que sim, Sócrates.

Fonte: Protágoras – Platão, tradução de Edson Bini, Edipro, Bauru, 2007: p. 265/271.

 

Na atualidade, o escrito que, a nosso pensar, no momento, melhor desenvolveu os fragmentos de Protágoras foi o francês Jean-Paul Sartre.

Sartre afirma que o homem somente se conhece em outro homem. Ele precisa de outro homem para conhecer a si próprio.

Aristóteles, depois de Protágoras (e de Górgias, sobre quem falaremos em outra oportunidade), já tinha afirmado que o homem é o único animal que pensa.

Ora, sendo o homem o único animal que pensa e tendo ele necessidade de outro homem para se reconhecer, fica claro que homem, ao pensar e comunicar esse pensamento a outro homem é capaz de fazer com que este pense igual, parecido ou diferente dele.

Pensando igual, nada há a construir inicialmente.

Pensando parecido ou diferente, os homens podem construir um acordo, um pacto entre eles que seja capaz de pôr fim às divergências.

Mesmo que não se ponha fim às divergências, o homem sabe o que o outro pensa sobre o tema e ambos são capazes de agir melhor com esse conhecimento.

Ou seja, até para constituir a divergência o homem precisa de outro homem!

É impossível ser feliz ou infeliz sozinho!

Sartre diz que “A essência é precedida pela existência”!

O que isso, no contexto deste escrito, significa?

O homem, por pensar, tem se preocupado, há muitos milênios, em saber a origem das coisas, de onde tudo vem (alguém disse, por exemplo, que tudo vinha da água. Tales de Mileto o disse), isso de onde tudo provém é a essência!

Até agora não se achou a origem/essência de nada! Mas não desistamos.

Ora, mas para que se pense em encontrar a essência, é necessário que, antes da essência, se... pense!

Como somente o homem pensa, é necessário que ele tenha existência (existe), para somente após seu existir seja capaz de pensar na essência!

Sem a existência, que se confunde com o penar, é impossível existir essência, pois é o pensar (o existir) quem diz a essência, e não o contrário.

Essência sem pensamento não existe!

Com isso volta-se a Protágoras: “o homem é a medida de todas as coisas”, portanto, também da essência!

Por fim, dizem que Sartre teria dito: “Não posso ser fiel a uma única mulher, pois isso implicaria em ser infiel a todas as outras.”

Caso a frase seja de sua autoria (pois é verdadeira, no sentido de existir), Simone de Beauvoir, com quem Sartre conviveu até sua morte, em 1980, deve ter aceitado o pacto, mas não se sabe em que termos, mas que aponta para duas possibilidades: ela aceitar a infidelidade dele sem também ser infiel ou ambos aplicarem a mesma máxima!

Entretanto, nos resta como conclusão: os homens vivem dos pactos que fazem entre eles.

Assim, não existe, na vida social (e somente nela a vida existe), o EU ou o TU, mas apenas o NÓS!

É que EU sem TU e TU sem EU não existimos!

O diálogo, liga que nos une, só é possível entre NÓS!

 

Inté,

 

Osório Barbosa

 

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