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O cão de Pavlov - José Carlos Mello, Editora Octavo, São Paulo: 2014.

 

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O cão de Pavlov

 

José Carlos Mello, Editora Octavo, São Paulo: 2014.

 

Acabo de ler o livro indicado no título acima, mas não sei que rumo tomar a respeito de uma opinião de leitor leigo sobre a obra!

 

Remédio ou veneno?

Depende da dose?

Quem estiver querendo se suicidar deve ter cuidado! Não pratique o ato extremo antes de concluir a leitura!

As coisas não são como muitas vezes parecem.

O leitor pensa que o autor vai levá-lo por aqui, mas ele nos leva por ali!

Com José Carlos no começo não são flores!

Trata-se de um receituário para bem viver?

Mas o autor não é muito pessimista sobre tudo?

A condição e mazelas humanas são postas e, inicialmente, quase agridem, pois funcionam como um soco no estômago.

É como um soco ou como um alerta para a vida e seus tortuosos caminhos que funciona o livro?

Você terá que descobrir, mas, desde de já, afianço: vale a pena iniciar e concluir a leitura.

O que não se pode é parar antes do parágrafo final.

Como se trata de descrever seres humanos, estão presentes todos os ingredientes que nos acompanham no dia a dia! Mentiras, traições, invejas, maldades, política, “um amor sem traumas” e a … velhice!

É contra ela que mais “quixotei” o autor, sem esquecer de encurralar a religião.

Aleatoriamente citarei alguns excertos que os direitos autorais me permitem fazê-lo sem violar os direitos do autor, os quais são mínimos e refletem a minha visão de leitor, obviamente, com minhas limitações, amor, ódio, conhecimento, educação etc., melhor: eu e meu contexto!

Mas, sugiro-lhe o seguinte: se gostar das pequenas doses que virão, confira todo o líquido da garrafa, se não gostar, confira também, pois, ao fim, você terá tomado um porre de José Carlos e seu cão, logo, estará bêbado, e os bêbados sempre veem tudo do melhor ângulo! O que não podem, repito, é parar antes que da garrafa escoe a última gota.

O convite foi feito e a mesa está posta. Sirvamo-nos, então:

 

“Quando chega o aguardado momento da aposentadoria os retirados percebem que não estão preparados para ela. Descobrem que os dias são mais longos do que imaginavam.

Em pouco tempo constatam que se tornam incômodos aos outros e a si mesmos. O convívio com seus iguais é problemático, com os que trabalham é difícil.

No início do processo a sensação de liberdade é incomparável, inebriante. Com o passar do tempo os alforriados se dão conta que não é bem assim. Percebem que como as almas no limbo e os príncipes herdeiros eles apenas aguardam o desfecho de seus destinos.

O aposentado começa a compreender que entrou no inferno sem se ater ao enorme aviso escuro dependurado no portão: 'Deixai toda esperança, vós que aqui entrais'". [p. 11]. [Opinião do leitor: será que o autor já viveu isso? De qualquer modo, melhor prepararmo-nos, conselho e canja de frango...].

 

“Um mero cumprimento pode se transformar em um grande incômodo.” [p. 12]. [Opinião do leitor: como pode!? “Gentileza não gera gentileza”? Por experiência própria, concordo com o autor dizendo: nem sempre!].

 

“Prosaicos pareceres em desimportantes processos, intermináveis reuniões, trocas de inúteis presentes nas festas de fim de ano, disputas nas promoções, maledicências ditas sobre chefes e colegas, paixões proibidas pelos regulamentos, são durante anos a razão de ser de milhões e milhões de seres humanos.

Condicionamentos de toda a existência não podem ser desfeitos de modo brusco sem deixar graves sequelas. Desde o nascimento as pessoas são ensinadas a obedecer, a se ater a horários e prazos, a executar tarefas e a se enquadrar em hierarquias. De repente, mais velhos, são libertados das obrigações impostas por outros; não têm mais nada a fazer e ninguém a atender. A liberdade torna-se um castigo, uma punição pelo ócio que passam a viver. Ocorre o contrário do esperado ao longo da vida útil. O próprio qualitativo dessa primeira etapa indica que a partir de seu término a vida será inútil.

O ócio é tão nocivo aos seres humanos que ele é proibido no Brasil. A pena para "quem entregar-se habitualmente à ociosidade” pode chegar a três meses de prisão. Os legisladores devem ter pensado nos benefícios que a proibição traria à saúde mental das pessoas.” [p. 13]. [Opinião do leitor: “ninguém filosofa quebrando pedra”. Prepare-se para filosofar, então.].

 

“É interessante observar que grande parte dos avanços da humanidade foi produzida pelos loucos, pelos incompreendidos e pelos rejeitados por seus contemporâneos.

Aldous Huxley nos conta o que faziam no Centro de Incubação e de Condicionamento de Londres. Lá as pessoas eram produzidas e preparadas para uma vida equilibrada e plena de felicidade dentro de seu extrato social. Viviam sem invejas, rancores, paixões, questionamentos existenciais, espirituais ou políticos. Todo processo seguia com rigor a teoria do cientista russo.” [p. 14]. [Opinião do leitor: penso que faço parte do primeiro grupo! Você quer ir para os segundo?].

 

“Pretendia superar o psicólogo americano John Watson que, inspirado nos estudos de Pavlov, constatou que em muitas vezes o comportamento humano se assemelha ao dos animais, considerou a influência dos condicionamentos mais importante que a hereditariedade.” [p. 16]. [Opinião do leitor: será que existe condicionamentos que evitem as doenças cardiovasculares e o câncer?].

 

“É de amplo conhecimento que os mais velhos rejeitam as mudanças. A avançada idade era dogma estatutário, nada podia alterá-la. Não percebiam que o questionamento dos mais velhos às mudanças é que eles sabem que a maioria das novidades nada mais é do que a volta das antiguidades que não deram certo. Caíram em desuso, foram esquecidas, morreram. As gerações se sucedem e elas ressurgem.

Nenhum invento, nenhuma ideia, pode ressuscitar se não tiver morrido. Renascem como eram antes de desaparecerem, as ruins retornam ruins, as boas ressurgem boas.” [p. 59]. [Opinião do leitor: realmente! Mas a verdade dói, senhor autor].

 

“Tendia à crítica mordaz e tinha pouca crença na generosidade humana.” [p. 62]. [Opinião do leitor: certamente que era um desprezado por ser desagradável, já que o ser humano quer apenas louvor e a generosidade não é capaz de evitar os atos de barbárie].

 

“Os modernos solitários se refugiam em suas casas. Nesses tempos de incredulidade se decidirem morar em sepulcros serão recolhidos como loucos e não louvados como santos.” [p. 72]. [Opinião do leitor: ser santo ou louco depende da visão de quem elege! Lamber ferida ou beber pus, para uns é santidade, para mim, loucura!].

 

“Antigamente as pessoas tinham que ir a lugares escondidos para adquirir contrabando e artigos que não convinha aos outros saber que usavam, agora eles vêm aos consumidores. Prático, mas incômodo, a oferta é excessiva, feita aos gritos e empurrões.” [73] [Opinião do leitor: hipocrisia e realidade!].

 

“Na vida parlamentar perdeu a pouca fé que ainda lhe restava.” [p. 74]. [Opinião do leitor: a velha visão de todos sobre os políticos! Será que eles também se veem assim?].

 

“Passou pela sala dos engenheiros que trouxe para a empresa e que ficaram satisfeitos com sua aposentadoria, todos queriam substituí-lo.” [p. 76]. [Opinião do leitor: como disse o poeta, “a mão que afaga é a mesma que apedreja”!].

 

“O que vivenciou parecia com aquelas propagandas de atividades para velhos, os da "melhor idade", onde os idosos são tratados como crianças enrugadas, encanecidas e retardadas. Sempre que este tipo de anúncio aparece na televisão, muda rápido de canal - mesmo assim fica agitado por alguns minutos.

No curso os instrutores garantiam que havia vida útil depois da entrada na parte inútil da existência com a mesma certeza que os religiosos asseguram que há vida após a morte.” [p. 79]. [Opinião do leitor: melhor idade para quem? Penso que o tal de politicamente correto fere mais que sua ausência].

 

“Fora do prédio, Ivan observou as árvores, altas e raquíticas que se esforçavam para sobreviver entre os edifícios. Reparou suas copas escabeladas, desnutridas, empoeiradas. Avistou os galhos agarrados aos troncos magros de tanto se espichar em busca de ar e de luz. Ansiavam pelos poucos minutos do sol do meio-dia, o único que penetrava na rua estreita cercada por construções.” [p. 83]. [Opinião do leitor: que descrição real e inquietante!].

 

“Nada tinha sabor, mas tudo era saudável.

 

Teria que lhe dizer que a substância existente na uva que faz bem à saúde, já é vendida em cápsulas, não há por que ingeri-la em liquido alcoólico, perdendo tempo com escolha de safras, cepas e produtores”. [p. 86]. [Opinião do leitor: estas ironias do autor são encantadoras! Dão sabor à leitura, tendo como sobremesa o sorriso que as acompanha].

 

Não jantaria, caminharia mais pouco, queimaria as calorias do ato espontâneo, mas inusitado.

A aposentadoria trouxe liberdade, apenas não tinha a menor ideia do que fazer com ela.

Não sabia que a busca da felicidade é uma das principais fontes de infelicidade, nem que a felicidade é para os tolos corno pensava Dostoiévski. E ele não era tolo. [p. 87/88]. [Opinião do leitor: a construção “mais pouco” me deixou em dúvidas! Segundo outros autores, também com o fim da escravidão, alguns escravos não sabem o que fazer com suas liberdades! Felicidade não é para ser buscada, pois se torna um peso, é para ser vivida].

 

Evitava os noticiários, achava que eles não acrescentavam nada, mostravam fatos repetitivos e recorrentes. Políticos roubando, bandidos presos, bandidos soltos, secas no Nordeste, chuvas no Sul, incêndios na Califórnia, tragédias na Ásia e conflitos na terra onde nasceu Jesus e Maomé subiu aos céus. [p. 89]. [Opinião do leitor: entram e saem anos e essas notícias são repetidas religiosamente. O autor é observador arguto].

 

Fala-se em enfermidade da alma ao referir-se à loucura. A alma não é física, é espiritual, não faz parte do corpo; pode ou não existir, dependendo da crença de cada um. A loucura, mesmo invisível, é palpável, não é abstrata. [p. 95]. [Opinião do leitor: loucura e crença! Para uns, lamber ferida é sagrado, para outros é loucura. Comungo do pensamento do autor].

 

Sua família simpatizava com o governo de Vichy; falavam com entusiasmo sobre o marechal Pétain, o mesmo entusiasmo dedicado a de Gaulle depois da guerra, e de algumas providências saneadores que os alemães sugeriram e foram bem aceitas. Achou boa a substituição do lema "Liberté, Égalité, Fraternité” por "Travail, Famille, Patrie", mais apropriado ao futuro glorioso que aguardava as próximas gerações. [p. 104]. [Opinião do leitor: a presença alemã na França, especialmente em Paris, penso, ainda merece ser melhor divulgada, pois a impressão que se tem é que a vida não mudou muito por lá!].

 

Lembrou ao filho a recomendação de Robert Brasillach: "Não esqueçam as crianças." [p. 105]. [Opinião do leitor: vale a pena conhecer o pensamento e a obra de Brasillach, fuzilado por pensar diferente de De Gulle].

 

O apego a casa, os confortos provenientes da ocupação alemã e uma dose de covardia impediram membros de sua família se alistar no exército germânico e ir combater o comunismo na frente russa. [p. 106]. [Opinião do leitor: repito o que disse sobre a falta de informações sobre a ocupação alemã na França].

 

O problema é que por falta de hábito tinha horror a leituras e retinha pouco do pouco que lia, não prestava a necessária atenção aos textos, mesmo os com muitas ilustrações. [p. 107]. [Opinião do leitor: o sucesso na leitura se chama hábito! E lendo, com o tempo, se retém muito, mesmo do pouco que se lê!].

 

Tinha que sair dali o mais rápido possível, ir para qualquer lugar onde ele fosse desconhecido, de preferência para um desses países sem perspectiva, condenados ao atraso para todo o sempre: nele teria chance de se destacar, seria o melhor entre os piores. [p. 107]. [Opinião do leitor: a afirmativa final, me fez lembrar do filme “Mega Mente”, onde o personagem mal faz inúmeras citações do tipo! Delicioso!].

 

Não conseguia entender muitas coisas. Como Noé conseguiu reunir animais que só existiam na África na sua arca construída na distante Capadócia? Para que abrir o mar Vermelho se ainda não havia o canal de Suez? De que modo o despencar da torre de Babel possibilitou a criação instantânea de línguas tão distintas entre si? Por que Moisés e seu povo levaram quarenta anos indo do Egito à Terra Santa se a Sagrada Família fez o percurso inverso em poucos dias? [p. 110]. [Opinião do leitor: crentes, tremei! Se fosse há algum tempo, José Carlos Mello seria queimado vivo!].

 

O discurso conduzia a uma contradição: o objetivo da religião é a salvação da alma, acessível a todos que passaram por agruras na vida terrena. Se os sacrifícios forem eliminados os pobres deixarão de ser pobres e ficarão apartados da salvação. Poucos irão para o céu e muitos cairão no inferno. "Felizes vós pobres, porque vosso é o reino de Deus" "Aí de vós ricos, porque já tendes vossa consolação." Ensinou Jesus.

No entender do oficiante era isso que o capitalismo produzia, muitos pobres e poucos ricos, não havia, portanto, por que repudiá-lo: o céu receberia um número muito maior de almas que o inferno. [p. 113]. [Opinião do leitor: brilhante ironia para justificar o capital! Para tudo há justificativa!].

 

Saiu da igreja com a sensação de perda de tempo. [p. 114]. [Opinião do leitor: José Carlos conspira contra a fé! As vezes sempre saiu assim!].

 

Sempre que nos deslocamos em busca do novo, levamos uma companhia, nem sempre prazerosa: nós mesmos. Continuaria isolado. [p. 118/119]. [Opinião do leitor: quando não nos satisfazemos nem com a nossa companhia, estamos no fim, embora uma Brunet seja capaz de nos redimir!].

 

O conhecimento em excesso produz as dúvidas que trazem consigo a infelicidade. Antão havia-lhe dito que ele deveria ter cuidado com o curso de doutoramento em centro tão sofisticado como o que escolhera para se aperfeiçoar; se não ficasse atento passaria a raciocinar dentro de estreitos parâmetros e a questionar todas as verdades. [p. 119/120]. [Opinião do leitor: já ouvi: “eu era feliz na minha ignorância”! A constatação do autor é assaz dolorosa!].

 

Poderia ainda perder a capacidade de criar, passaria a escrever artigos e livros com inúmeras citações, o que é bem-visto nos meios intelectuais, mesmo que o autor conclua suas obras sem expor uma única opinião pessoal. [p. 121]. [Opinião do leitor: está também é uma realidade! E o que é pior, incentivada por orientadores!].

 

… mas foram boicotados pelos técnicos do governo, pela burocracia e pelas carências orçamentárias; em novo mandato, com mais experiência, farão chover ou parar de chover conforme a necessidade.

Com voz pesarosa se antecipam às cobranças e dizem que as denúncias de corrupção foram forjadas pela oposição. Têm fé que serão absolvidos, confiam na justiça.

Eles têm razão, ela é cúmplice de sua classe. Quando os crimes prescrevem os juízes lamentam o excesso de trabalho, o exagerado número de recursos possíveis, a falta de estrutura adequada - um rol de coisas repetidas há pelo menos cem anos. Vão dormir com suas consciências tranquilas, fizeram tudo que estava ao seu alcance, mas, escravos da lei, não puderam ir além, como desejariam.

As decisões judiciais têm que ser bem pensadas, amadurecidas; não devem ser tomadas de afogadilho. Tal zelo faz com que deliberações fundamentais sejam postergadas por anos, décadas, séculos. A justiça, camuflando-se em justa torna-se injusta. A despreocupação com prazos não é privativa dos juízes, os administradores públicos sofrem do mesmo mal. [p. 129/130]. [Opinião do leitor: a contundência das afirmações as tornam mais verdadeiras ainda! Estes parágrafos são descrições da objetiva realidade, infelizmente].

 

Os políticos podem até dar seus primeiros passos na vida pública com bons propósitos. No entanto, o convívio com os mais experientes na atividade, que se comportam como aplicados professores, ensinando aos novatos que o mundo real é diferente do que eles imaginam, alertando, ainda, que se não aprenderem a lição correm o sério risco de voltarem a ser meros eleitores. [p. 131]. [Opinião do leitor: o mesmo ocorre com os policiais, por exemplo. O jovem policial é ensinado no trabalho por outros policiais já viciados e, quase sempre, seguem o pior caminho].

 

Eles formam um pequeno grupo de homens bons; sua arma é apenas a palavra indignada, pouco ouvida e divulgada. Lá estão somente para mostrar que é possível viver em qualquer ambiente sem se contaminar — apenas por isso; constituem um experimento social ali posto para contrariar Rousseau — o homem é bom em sua natureza — porém, poucos não se deixam influenciar pelo meio em que vivem. [p. 131]. [Opinião do leitor: o costume é hereditário? Parece!].

 

Se a prisão não for revogada seus pares o abandonam imediatamente, precisam informar à sociedade que eles são diferentes, que não concordam com os malfeitos do ex-colega, ex-amigo, ex-correligionário, ex-marido, ex-amante, em casos extremos ex-filho ou ex-pai. [p. 133]. [Opinião do leitor: é isso mesmo que ocorre quando um deles cai em desgraça. Passa a ser amaldiçoado por todos, pois não querem se contaminar. Contaminar com quê? Só se for com a possibilidade de caírem em desgraça também. O caído fica só, passando a ser repudiado até por seus comparsas].

 

Uma vez contaminado pelo ambiente, o jovem idealista passa a percorrer um caminho sem retorno. [p. 133]. [Opinião do leitor: é um caminho sem volta o caminho da corrupção!].

 

Cedo percebeu que não era necessário fazer o bem para subir na hierarquia: o importante era dar a impressão de fazê-lo. [p. 134]. [Opinião do leitor: é o poder da imagem!].

 

… purificar o lugar. O ocorrido fora semelhante ao castigo bíblico imposto à Sodoma e Gomorra, quando a mão vigorosa do Senhor se abateu sobre as pecaminosas cidades. [p. 140]. [Opinião do leitor: Por que ou onde estava deus ao deixar que aquelas cidades chegassem no ponto que chegaram?].

 

… Um raro momento de convívio harmônico entre patrão e "colaboradores", não havia os ódios e os desprezos recíprocos, usuais nessas relações. [p. 145]. [Opinião do leitor: que belo retrato da alma humana!].

 

Emil Cioran: "A alternativa do suicídio ajuda as pessoas a viver." [p. 149]. [Opinião do leitor: o autor, e este é apenas um pequeno exemplo, é muito erudito. Conhece muito, além da alma humana, dos meandros da política e do empresariado, a literatura universal].

 

… agora não — sabiam que as derrotas antecediam novas derrotas. [p. 149]. [Opinião do leitor: eis mais uma bela imagem à “Mega Mente”. “Algumas vezes eu apanhava, em outras eu quase vencia”!].

 

O demônio conquistara sua alma ainda em vida? Seria uma manifestação do livre arbítrio, ele mesmo buscando uma punição aos pecados que só ele sabia terem sido cometidos? Não encontravam uma resposta. Pararam de pensar na causa do que estava ocorrendo. Aceitaram que religião sem mistérios, sem o inexplicável, não é religião. [p. 152]. [Opinião do leitor: o próprio fato de alguns levarem a religião a outros já é uma negação da religião? Ora, se todos são filhos de deus já não deveriam saber do que ele quer, independentemente de ensinamento?].

 

A vida na alta cúpula da empresa global transcorria em um ambiente em tudo semelhante ao político, ao que Antão vivenciara no cotidiano da capital: plena de intrigas, hipocrisias, maledicências, deslealdades, amizades de ocasião, negócios escusos e ambições pessoais à frente de tudo. Caso seus dirigentes optassem pela vida pública estariam inteiramente preparados para ela, não fariam feio em parlamentos ou ministérios. [p. 158]. [Opinião do leitor: e tem gente que quer separar a vida pública da privada, dizendo que os homens que estão nesta deveriam dirigir aquela! O autor, brilhantemente, os nivela, por baixo].

 

A velhice em si é uma tragédia que pode ser piorada pelo próprio ancião quando ele insiste em viver no passado, vendo filmes em preto e branco, procurando artigos há muito não fabricados, citando jornais não mais publicados, vestindo-se como antigamente, e, principalmente, tentando difundir ideias que perderam a validade, negando a dialética, o mundo em movimento, o novo sucedendo o antigo. [p. 165]. [Opinião do leitor: José Carlos Mello entrará para o codex dos politicamente corretos. Em especial dos idiotas que chamam a velhice de “melhor idade”!].

 

Esquecia que a agregação era motivada pelo egoísmo: se aglutinavam para se proteger de inimigos e não para expor traços gênerosos de sua natureza. [p. 166]. [Opinião do leitor: eu, até ler este livro, também pensava o contrário!].

 

Os alunos a chamavam de senhora, ninguém quer acordar ao lado de uma senhora e ver de perto os estragos produzidos durante a noite. [p. 167]. [Opinião do leitor: quanta crueldade do autor! Mas como se pode ser cruel dizendo a verdade? O bêbado/vulgo já disse: “nunca dormi com mulher feia, mas já me acordei com várias”!].

 

realizar as necessidades intransferíveis [p. 173]. [Opinião do leitor: esta é uma bela maneira de pedir licença para se retirar? ].

 

… "mordomias", palavra do dialeto local para designar tudo que um mordomo pode fazer por seu amo, no caso tudo que o governo faz por seus leais e operosos servidores. [p. 179]. [Opinião do leitor: bela definição].

 

Crítico por natureza, com frequência era tido como pessoa desagradável. Em reuniões sociais fazia uns poucos comentários imprudentes, que em outros lugares passariam em branco, mas não lá. Os que escutavam suas desagradáveis opiniões o repreendiam com o olhar e se afastavam. Eram audíveis certos comentários do tipo 'e um idiota", outros ensaiavam bate-bocas, duelos verbais para salvar a honra da moderna urbe.

À noite, sós em seus quartos, abraçados aos travesseiros, pensavam nas verdades que ouviram do incômodo recém-chegado e perdiam o sono; as mulheres choravam baixinho. Sabiam que tudo que a sádica figura expressara era verdade, mas evitavam pensar nisso. [p. 180]. [Opinião do leitor: embora todos digam que admitem a crítica, poucos são os que são sinceros. Todos querem mesmo é elogios, mesmo sabendo que as críticas são merecidas e os elogios imerecidos!].

 

Antão percebeu que deveria mudar sua postura senão seria condenado à solidão. Adaptou-se e em pouco tempo passou a elogiar a excelente escolha do sítio para edificara moderna cidade, a criatividade e a genialidade dos projetistas, e lembrar as graças que deveria dar a Deus por viver naquele lugar perfeito. [p. 181]. [Opinião do leitor: a vida, muitas vezes, exige do ser humano muita hipocrisia!].

 

Os seres humanos anseiam por novidades, mesmo que sejam para pior, e repelem a monotonia. Sociedades que pretenderam eliminar os imprevistos do cotidiano não fizeram bem à psique das pessoas. [p. 181]. [Opinião do leitor: todo dia se lança um telefone novo, embora todos com as mesmas teclas, mas com letras diferentes!].

 

A missão evangelizadora se passava como a de seus colegas religiosos, acreditavam que sua pregação mudaria comportamentos milenares, removeria inércias atávicas e colocaria a roda do progresso em movimento. [p. 182/183]. [Opinião do leitor: sempre nos vemos como capazes de mudar o mundo, especialmente por desconhecermos que a nossa proposta é igual a tantas outras que já falharam inúmeras outras vezes!].

 

Não precisaria mais suportar alunos incômodos perguntando coisas sem sentido, tentando colocá-lo contra a parede para descobrir fragilidades em seus conhecimentos, corrigir provas, orientar teses, discutir verdades acadêmicas com seus colegas, sofismar como os antigos gregos, tomar inúmeras xícaras de café requentado; toda uma série de situações desagradáveis tinha ficado para trás. [p. 185]. [Opinião do leitor: esta, cada vez mais, é a realidade do professor, em especial com o uso da internet na sala de aula. O professor deve se transformar apenas num coordenador de estudos, em especial por nenhum ser humano ser dotado de conhecimento geral e irrestrito].

 

Eram apenas três lances de escada a vencer, gostaria de subi-los, seria um bom exercício, mais ia pelo elevador ouvindo a conversa de seu companheiro de viagem. Sabia que o ritual não poderia ser quebrado. A secretária ficaria chocada ao vê-lo surgindo do vão escada; poderia perder o respeito por ele. Ficaria sujeito às maledicências do ascensorista, que se sentiria desprestigiado. [p. 186]. [Opinião do leitor: a subserviência ao ritual. Inúmeras vezes quedamo-nos impotentes frente a eles].

 

... Do mesmo modo que no meio político, no mundo corporativo o pecado não é o malfeito, é a sua divulgação. [p. 192]. [Opinião do leitor: todos temem mais a imprensa que a dita “justiça”!]

 

As pessoas que telefonavam para regiões distantes gritavam, todas gritavam, ajudavam as mensagens chegarem e serem ouvidas nos lugares mais longínquos, se as ondas sonoras se perdessem no caminho suas vozes as transmitiriam. [p. 203]. [Opinião do leitor: bela suposição. Lembrei daquele humorista que passava o telefone sobre sua face para que seu interlocutor visse que era ele!].

 

Lembrando Thomas Hobbes: "... a tendência de todos os homens é um perpétuo desejo de poder que cessa apenas com a morte. Com o poder vem os requisitos que alimentam a vaidade a ideia de eternidade, a agradável sensação de proteção, o prazer em se cercar de bajuladores e em ouvir elogios.

A soberba é tão intensa que turva o raciocínio, ao ponto dos poderosos não perceberem que outros almejam o seu lugar. [p. 207]. [Opinião do leitor: descrição maravilhosa daqueles que se maravilham com o poder! O qual, diga-se de passagem, é difícil resistir].

 

Personalidades que quando se apagam em vida ou morrem são substituídas imediatamente. Não há vazios nos nichos do poder; nem na capital nem na mais primitiva aldeia indígena. [p. 208]. [Opinião do leitor: é também por isso que muitos se apegam ao poder e dele somente saem escorraçados].

 

Após a morte, os outrora poderosos poderão ser vistos em muitos lugares no inferno. Dante os encontrou por toda parte. Estavam no quinto círculo, onde os que negociaram cargos públicos se encontram mergulhados em piche fervente; no oitavo círculo, envolvidos em labaredas infinitas, ele viu os maus conselheiros; ali, também, encontrou os bajuladores, açoitado pelos demônios para todo o sempre. [p. 209]. [Opinião do leitor: mas, por que, no caso, os bajuladores sofrem duas vezes? Sabem que são párias na terra e depois ainda são açoitados no inferno!].

 

a falta de prêmios Nobel, lembrou que países próximos e mais pobres os possuíam; a tardia industrialização e assim por diante. [p. 213]. [Opinião do leitor: acho que “esse” autor deve ser apaixonado pela Argentina, por exemplo, que tem CINCO desses prêmios!].

 

Essa decisão seria facilitada pelos incômodos que ele causava aos seus pares: enviava a eles papers sobre avanços científicos; recomendava a vinda de professores estrangeiros que, em seus anos sabáticos, queriam conhecer a pecaminosa cidade do Rio de Janeiro; sugeria a contratação de estudantes brilhantes, oriundos de países miseráveis que não teriam como mantê-los ao final de seus cursos no exterior; enviava livros à biblioteca; sugeriu até um amplo seminário sobre a obra de Milton Friedman — "Capitalismo e Liberdade" A ideia foi considerada estapafúrdia e ofensiva tanto pela direção do centro de pesquisa quanto pela do departamento, e o professor tido como criatura irrecuperável. Jamais ele entenderia as generosas ideias do diretor.

Era de amplo conhecimento que não há liberdade no capitalismo. Seus críticos constataram que o título do livro era um oximoro, talvez, uma ironia do velho mestre. Todos sabem que o capitalismo aprisiona as pessoas ao que há de mais mesquinho na alma humana: egoísmo, consumismo e individualismo. [p. 214]. [Opinião do leitor: “a pecaminosa cidade do Rio de Janeiro” é ótima! Quem domina o conhecimento, muitas vezes não quer dividi-lo, como se com isso ele diminuísse, outros, ao contrário, não querem a divulgação por medo de perderem os lugares que ocupam. Agora a tríade do capitalismo ninguém pode negar!].

 

“Aproxime-se dos indianos, todos são párias bem formados, eles o consolarão, vão lhe dizer que a ilha universitária é um paraíso limpo e cheiroso. Elogiarão os banheiros e não notarão a falta de papel higiênico. Acostume-se com a relatividade das situações. Jamais deixe de ver as coisas dentro de seu contexto." [p. 216]. [Opinião do leitor: O que é ruim sempre pode ficar pior! Mas, com todas as mazelas da Índia, os costumes desse imenso país jamais foi conquistado pelo ocidente, mesmo depois de milênios. É uma cultura, aparentemente, a prova de tudo!].

 

Observou a revolta íntima que cuidadosamente evitavam expor, era tão clara que a disfarçavam mal. Consideravam-se agnósticos, embora demonstrassem respeito por Brahma, Shiva e Vishnu, o criador, o transformador e o conservador, a primeira das santíssimas trindades; além de manterem um mínimo de veneração ou temor por mais uma dezena de outros deuses e semideuses. [p. 217]. [Opinião do leitor: e eu, antes de ler “O cão de Pavlov” pensava que a trindade era cristã!].

 

… Com essas atitudes buscavam evitar surpresas desagradáveis na nova vida que teriam após a morte, dela esperavam algo melhor que a desprezível na atual encarnação. Sonhavam com a volta em uma casta superior, os mais otimistas se imaginavam um respeitável brâmane. [p. 218]. [Opinião do leitor: é essa crença a liga quem mantém íntegra a cultura indiana?].

 

... Devemos analisar os riscos envolvidos no projeto e aguardar a paz entre judeus e palestinos. É coisa para o futuro." [p. 225]. [Opinião do leitor: ironia profunda!].

 

No futuro ele seria condecorado com algumas das dezenas de medalhas disponíveis para demonstrar prestígio, pagar favores, inflar egos e estimular vaidades.

Todos os que atingem os pináculos do poder são vaidosos, soberbos e presunçosos. Não há exceções. Alguns mais espertos escondem esses pecados sob o manto da modéstia, praticando mais um pecado: a dissimulação, que se opõe à virtude da humildade. [p. 229]. [Opinião do leitor: as homenagens! Ah, as homenagens! O que o poder faz com o homem! É preciso uma carne de aço para não cair em tentação!].

 

"Foi alfabetizado no Mobral." (!!!) [p. 230]. [Opinião do leitor: sei o que é isso duas vezes, pois fui alfabetizado no Movimento Brasileiro de Alfabetização e discriminado por isso!].

 

Nos centros de decisão, o poder se espalha para cima, para baixo e para os lados; da mais modesta repartição pública ao mais nobre gabinete, dos mais humildes servidores aos mais importantes hierarcas, todos têm condições de facilitar ou atrapalhar, ou seja, de exercitar o poder, que nada mais é do que a capacidade de premiar ou de punir.

Esquecer ser generoso com alguém no balcão onde são protocolados os documentos pode significar a perda de um contrato; ignorar o aparentemente desconectado despachante pode acarretar. [p. 232]. [Opinião do leitor: poder-se-ia chamar a constatação do autor de: “como azeitar a máquina”!].

 

O desinteresse dos estudantes por suas aulas o poupava de corrigir maços de provas, aliás, não dava mais provas, mandava os alunos lerem alguma coisa, promovia pequenos seminários em função dos quais obtinham suas notas, todas altas, para que não o incomodassem com pedidos de revisão baseados em argumentos ofensivos à inteligência do mestre. [p. 249]. [Opinião do leitor: e o aluno ainda pensa que pode enganar o mestre, não percebendo que engana a si!].

 

As diferenças mentais, espirituais e físicas entre as pessoas desapareceriam. As ambições individuais que acompanharam os humanos ao longo de toda sua jornada seriam substituídas pelos sonhos coletivos. O egoísmo daria lugar ao altruísmo. Os sociopatas deixariam, de existir. [p. 251]. [Opinião do leitor: qual o nome do filme? “Missão impossível”].

 

Lentamente ele estava sendo cooptado. Chegavam a comentar: "Como é fácil arregimentar um intelectual, o difícil é atrair operários.”

...

Por outro lado, Antão passou a conhecer pessoas que valiam a pena. Descobriu que embora os calhordas fossem majoritários, existia no governo gente que pensava no país, como havia jornalistas isentos, não engajados em causas exóticas ou negócios escusos, e políticos bem-intencionados, ainda que em número reduzidíssimo. [p. 252]. [Opinião do leitor: se não existissem as exceções, o mundo já teria explodido ou implodido. Os poucos bons nos fazem acreditar na regeneração dos muitos maus!].

 

O bom é que o sólido vai se desfazendo no ar e abrindo espaço à racionalidade, se não fosse esse fato, constatado por Marx, a humanidade já teria voltado às cavernas. [p. 254]. [Opinião do leitor: Por que Marx não morre?].

 

… entregue aos seus censuráveis pensamentos; [p. 254]. [Opinião do leitor: gostei muito dessas constatações poéticas do autor].

 

… suas obscenas prioridades. [p. 260]. [Opinião do leitor: eis outra poesia].

 

… um plástico floreado de aparência desagradável, [p. 263]. [Opinião do leitor: não consigo ver como não sendo poesia também a descrição do “cafona”!].

 

… Orgulhavam-se da saúde que só prolongaria suas indesejáveis existências. Hábitos regrados geram bônus que serão pagos no entardecer da vida — serão usufruídos com limitações. [p. 271]. [Opinião do leitor: a crueldade da realidade! Dói, mas é real].

 

Expondo as mazelas dos outros se sentiam vivos, sem saber bem por que ou para que.

...

O melhor seria falar de suas angústias, desesperanças, remédios, idas aos médicos, lembrar quem morreu, nessa idade o necrológico dos jornais tem a mesma utilidade das colunas sociais de antigamente. [p. 272]. [Opinião do leitor: esse é o ser humano. Compras-se em saber que existem outros em pior situação que ele! Só idosos, mesmo, leem necrológico, justamente para saber se estão ganhando na porfia da vida!].

 

Pareciam com casais de velhos que a cada dia se tornam mais desconhecidos um do outro. O trágico "envelhecer juntos" que povoa o romântico imaginário das jovens recém-casadas. [p. 273]. [Opinião do leitor: mais uma crueldade esclarecedora do autor, ao matar nossas ilusões!].

 

Percorreria o mesmo caminho de Armand Hammer, o jovem médico americano que em 1917 previu que na Rússia destroçaria pela revolução de outubro seriam criadas oportunidades para quem quisesse enriquecer. [p. 274]. [Opinião do leitor: um visionário que acertou na mosca!].

 

Os moradores atuais do dia para noite abandonaram a crença no comunismo e se transformaram em convictos capitalistas.

Num piscar de olhos trocaram Marx por Adam Smith, deixaram de ser ateus e viraram fervorosos cristãos, abandonaram o altruísmo e aderiram ao egoísmo. O que será que deu errado? [p. 280]. [Opinião do leitor: a volúvel existência! Mas Gorbachev não ganha eleições nem para síndico, se ele foi o responsável pelo fim do comunismo?).

 

… Hitler estabeleceu mil anos para o seu Reich; devia ter pensado ser esse o tempo necessário para a total adaptação dos alemães às suas ideias. [p. 281]. [Opinião do leitor: pelo apoio que teve penso que ele não precisaria de tanto tempo].

 

A expectativa da morte do solitário residente no primeiro período de reclusão deixara todos sinceramente excitados; as manifestações de júbilo com a sua recuperação encerravam hipocrisia. Rejubilaram-se com a não ocorrência da tragédia esperada, mas a presença do professor incomodava os demais moradores; as crianças se assustavam ao verem o velho cabisbaixo, caminhando como um fantasma pelos corredores pouco iluminados, murmurando palavras inaudíveis. Alguns pais ameaçavam os filhos: "Se você não estudar eu chamo o velho". [p. 307]. [Opinião do leitor: Para que servem os velhos? Seria o melhor título deste parágrafo. Mas é baixeza os pais fazerem isso, como fazem com os médicos, dentistas e injeções! Mas fazem, infelizmente].

 

... triste beleza [p. 310]. [Opinião do leitor: outras das imagens que tornam a leitura de “O cão de Pavlov” imperdível e indispensável na literatura brasileira.].

 

Se você chegou até aqui, certamente que lerá as 310 páginas da obra e, com certeza, se deliciará com ela, podendo planejar o que fazer no seu amanhã e sem chegar ao ato extremo, espero.

 

Boa leitura!

 

Osório, leitor.

 

P.S.: viram que nem lhes falei da e sobre a capa do livro? É que não desejei, inicialmente, misturar conteúdo com forma, mas, agora que cheguei ao ponto em que decidi que era o momento de finalizar, digo-vos: após a leitura, emoldurem a obra e coloquem-na pendurada, sob luz apropriada, no melhor espaço da parede escolhida!

 

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