Sempre senti dores de amor, mesmo quando não tinha a quem amar, porém não sabia como dizê-las, contentava-me, assim, em ler as dores dos outros.
Eis que, certo dia, já na faculdade, deparei-me com algo que se tem como sendo um “Bilhete de Pitágoras” para uma moça com a qual ele queria namorar:
Ela, ao ver tal fórmula, ficou espantada e, por não dominar ainda a matemática – ao contrário de mim, que fiz vestibular e cursei por alguns meses engenharia mecânica -, foi procurar ajuda para resolver o problema, justamente, com o bambambã da escola, o próprio Pitágoras! Que aproveitou a oportunidade e passou, à medida em que resolvia o problema, a explicá-lo e a explicar-se para a pretendida.
X, no caso é você! Disse ele.
X, neste caso é você que está me lendo agora, digo eu.
E a resolução fica assim:
Assim, com esse incentivo pitagórico, libertei-me de duas coisas; do medo de dizer e do medo de não ser compreendido.
Manuel Bandeira diz que “o poema deve causar alumbramento no leitor”. Ferreira Gullar diz “que o poema deve causar deslumbramento”. Eu digo apenas que o poema deve ser útil.
Minha matéria-prima tem sido os desencantos, os choros, as vitórias, as glórias, as alegrias, as decepções, as derrotas, as raivas, as iras, o perdão (pedido e aceito), a esperança, a tentativa de ajudar, guiar-me e guiar. Ou seja, a vida e sua beleza e fealdade!
Mas poema é via de mão dupla: varia para quem o escreve e para quem o lê! Portanto, de pessoa para pessoa, de local para local e de hora para hora!
Não espero que gostem dos meus escritos, apenas que os leiam!
Um beijo para quem é de beijo, um abraço para quem é de abraço, um aperto de mão para quem é de um aperto de mão e meus poemas para todos.
Colegas, amigos, companheiros, camaradas, admirados,
Sobre o acima:
A foto é da capa do meu primeiro livro de poesia!
Não está linda? Você precisa agora conhecer o conteúdo!
Como fazer para conhecê-lo?
No dia 22 de setembro, quando faço 53 anos de idade, o livro será lançado! Ele contém 106 poemas, um para cada ano.
Local do lançamento: Rua Augusta, 1343, esquina com a Matias Aires, a partir das 19:00 horas...
Sua ida até lá será o meu presente maior!
Abraços,
Osório
POEMEMOS:
Homem ou balão?
Girando lá vai ele
roda, roda, roda
quanto mais roda, mais sobe
roda, roda, roda
quanto mais sobe, mais perde a cor
roda, roda, roda
quanto mais perde a cor, mais feio fica
roda, roda, roda
quanto mais feio fica, mais perde a harmonia
roda, roda, roda
quanto mais perde a harmonia, menos admirado se torna
roda, roda, roda
quanto menos admirado se torna, mais infeliz se sente
roda, roda, roda
quanto mais infeliz se sente, mais desaparece
roda, roda, roda
quanto mais desaparece, mais se perde
roda, roda, roda
quanto mais se perde, mais frívolo é
roda, roda, roda
quanto mais frívolo é, mais sente-se lúgubre
roda, roda, roda
quanto mais sente-se lúgubre, mais
roda, roda, roda
e estoura
quando estoura!
roda, roda, roda
e cai
quando cai
volta para de onde veio
e com a queda
de nada valeu a subida.
Manaus, 08.06.81.