Ponto estava trabalhando quando viu-se e sentiu-se solitário.
Vírgula senti-se feia, pois, andando sempre curvada, pensava que nela ninguém prestava atenção. Daí sua tendência a recolher-se da companhia dos demais, e ser solitária.
Como Ponto e Vírgula frequentavam o mesmo ambiente, geralmente longas planícies brancas, um dia se encontraram. Sorriram discretamente um para o outro e, com a ajuda de uma amiga comum, Reticências, se aproximaram e trocaram palavras e entabularam a descrição assuntos.
Descobriram, imediatamente, que tinham muito em comum e gostavam do que faziam.
Ele era mais longo e fazia maiores pausas no que dizia.
Ela era mais curta, tinha, por isso, conversa mais rápida.
Logo passaram os demais que com eles conviviam a perceber a proximidade entre os dois. Viram, também, que tinham ficado tanto tempo separados, e até, para alguns assuntos, para não confundirem suas identidades, tinham que continuar assim.
Anotaram os demais com os quais eles conviviam e perceberam que, por exemplo, tinham preconceito contra os Dois Pontos! Achavam estranha a relação entre eles, pois não admitiam um sobre o outro!
Já as Reticências, por os terem aproximado e pela ordem com a qual caminhavam, sempre enfileiradas, não saindo da linha, eram muito consideradas pela casal. Podiam até apadrinhar os seus filhos.
Não gostavam muito da Interrogação, pois ela vivia se perguntando, e aos demais, o que um tinha visto no outro para se atraírem tanto.
Já a Exclamação sempre os olhava desconfiada, espantada com a aproximação de quem ela via quase como estranho um ao outro, embora admirasse a ambos.
As Aspas Simples davam a maior força para a união do casal, no que era superada apenas pelas Aspas Duplas, que eram mais enfáticas.
O Travessão sempre explicava o que cada qual queria dizer quando não se entendiam. Além de mostrar ser o traço de união para o casal.
Os Dois Pontos não deixavam dúvidas, diziam sempre: isso foi você quem disse! E apontava para quem falara!
A Crase era uma insuportável, ninguém a compreendia, por isso todos dela queriam se afastar. Até prometeram casamento para quem um dia a soubesse usá-la como se pensava que devia ser usada, uma vez que nem Freud a entendia. Muito complicada.
O cedilha do c era apenas um apêndice, mas, a despeito de explorar seu hospedeiro, era suportado por todos que o conheciam, pois mais ajudava que prejudicava.
O casal tinha um fraco pelos Parênteses, que sempre os apertavam um contra o outro, e era muito bom o calor que trocavam nessas horas.
Queria contar mais dessa história, mas chegou o Ponto Final e mandou-me calar.
Obediente, o faço agora, não sem antes dizer: eles casaram e, felizes ou não, viverão unidos para sempre!
Como, unidos, nos ajudam muito, torçamos para que essa união seja feliz, como foi desde o início.
Este é o último final de semana antes do lançamento do meu primeiro livro de poesia! Para o evento reconvido todos, sempre! Vejam que coisa linda fez a editora: https://www.facebook.com/pasavento?ref=hl&__mref=message.
Dica de leitura: o livro de José Carlos Mello, “As dez vidas do senhor Cardano”, merece a sua atenção! Veja: http://www.osoriobarbosa.com.br/node/860.
Abraços,
Osório
POEMEMOS:
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