Fui à Ribeirão Preto ou fui a Ribeirão Preto?
Não interessa o título acima, o importante é ir ao Pinguim!
Dizem aqueles que perdem o tempo com besteiras que não cabe crase diante de palavras masculinas, mas minha dúvida é: Ribeirão Preto é masculino ou feminina?
Não interessam as respostas à pergunta acima, o importante é saber que Pinguim é masculino, ou melhor, é epiceno!
Que diabos é esse tal de epiceno?
Não interessa, o importante é saber que: o bar Pinguim fica em Ribeirão Preto!
Localiza-se na praça XV de Novembro, ao lado do Theatro Pedro II.
Está em um prédio de arquitetura antiga, logo, de bom gosto e invejável, rivalizando milímetro a milímetro de beleza com a do teatro ao qual está na ilharga!
O bom gosto está em todos os espaços decoráveis, mas... o chope!
O chopp! O chopp! O que é aquilo!?
Tomei apenas o claro, para ter a sensações de beber ouro líquido!
Não me decepcionei!
A temperatura, a cremosidade... Estou com água na boca!
O gerente, Ivo da Cruz, é de uma presteza exemplar!
Os pés das mesas são patas de pinguins, como podem ser vistas nas fotos (além de outros objetos decorativos), só que, preservando o meio ambiente, são de pinguins de aço!
Por coincidência, quando da minha ida à cidade, estava em plena efervescência a 15ª Feira do Livro de Ribeirão! E eu, que tanto os admiro, mesmo podendo comprá-los em São Paulo, onde moro e não ter trabalho com o transporte, acabei adquirindo vários por lá, tudo pelo prazer que é comprar livros!
O prazer de degustar os chopps do Pinguim admirando a Feira não teve cartão de crédito para me presentear!
Num ribeirão de Ribeirão acabei por ver e fotografar um quelônio tomando sol! Que vontade de comê-lo assado!
Não me condenem por isso, afinal, sou amazonense, índio, e nós nativos temos essa preferência e essa imunidade!
Assisti, ainda, a uma solenidade na qual o Professor Tercio Sampaio Ferraz Jr. recebeu o título de Professor Emérito da USP-Ribeirão Preto.
Quem mesmo que havia dito que em Ribeirão Preto não tem nada de bom?
Tem sim, e muitas, mas, especialmente, o chopp do final da tarde!
Abraços,
Osório
POEMEMOS:
Num minuto de calma
‘Stou farto de ideais….
Ó róseas utopias
Que ergui nas névoas frias
Dos ermos areais…
– Astros que cintilais
Em meio das sombrias
Procelas de agonias –
– Eu vos não quero mais…
Auroras, ilusões
Ide…. que das paixões
Se rompa o férreo dique…
Da dor, trave-se a lide
Na treva – ó astros – ide…
A lágrima que fique!…
e,
Tristeza
Ai! quanta vez – pendida a fronte fria
– Coberta cedo do cismar p'los rastros –
Deixo minh'alma, na asa da poesia,
Erguer-se ardente em divinal magia
À luminosa solidão dos astros!...
Infeliz mártir de fatais amores
Se ergue – sublime – em colossal anseio,
Do alto infinito aos siderais fulgores
E vai chorar de terra atroz as dores
Lá das estrelas no rosado seio!
É nessa hora, companheiro, bela,
Que ela a tremer – no seio da soedade
– Fugindo à noite que a meu seio gela –
Bebe uma estrofe ardente em cada estrela,
Soluça em cada estrela uma saudade...
É nessa hora, a deslizar, cansado,
Preso nas sombras de um presente escuro
E sem sequer um riso em lábio amado _
Que eu choro – triste – os risos do passado,
Que eu adivinho os prantos do futuro!...
e,
Sobre um seio
De ti - divino vulcão -
Onde a lava do amor vibra
Me veio o gelo que a fibra
Me gela do coração...
Róseo abismo - onde a paixão
Num beijo a alma equilibra...
Céu de amor - onde se libra
A águia da inspiração...
Do coração que em ti freme
Ouvindo os frêmitos lestos
A vacilar de ansiedade
Que vezes minh'alma treme...
- É que escuta nos seus estos
As horas da eternidade...
O autor dos poemas acima é Euclides da Cunha. Eles estão em "Poesia Reunida", da Unesp, que, semana passada estava vendendo (ou seria presenteando?) essa linda obra (conteúdo e material) por apenas 20 (vinte) dinheiros!