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Poesia: deleite-se ou delete-me (03.03.17).

 

Poesia: deleite-se ou delete-me (03.03.17).

Maraãvilhosos,

 

Beto Z 2 

O que dizer diante da morte?

Não há palavras, não há consolo!

Resta-nos apenas o carinho, embora nem este, especialmente para os familiares, seja suficiente!

A dor é tão profunda diante de algo tão certo que nos chega a atordoar!

Esta semana foi tenebrosa!

Morreram Damião Alves e D. “Toca” Gaia, ambos amigos de Maraã

Morreu Beto Zabrockis, este amigo de São Paulo.

E fez um ano da morte de Cícero Lopes, a quem devo um texto que ainda não soube como escrever diante do absurdo que foi sua morte!

A morte é sempre um absurdo, mesmo aquela que julgamos esperada, como a de um doente em estado terminal, imaginem a não esperada! A de uma pessoa sã, com plena saúde!

Vou me concentrar em dizer sobre o Beto, mas o carinho de sempre devoto a todos, especialmente ao Damião, com quem brinquei tanto em Maraã!

Beto me foi apresentado pelo “Toninho” (Antonio Castelo Branco) em uma noite em um boteco da rua Augusta, esquina com a Antonio Carlos, o “Charme”!

Beto, a quem Toninho já conhecia, desceu para pegar uma água (algo que é muito simples e rápido). Toninho nos apresentou e ele subiu para o apartamento em que morava umas duas horas depois!

Desde então, pelos nossos gostos pela arte, passamos a fazer micro-coisas e sonhar grandes projetos! Faltou-nos recursos para os grandes!

Os pequenos – alguns inacabados, como o “Rádio Rua Augusta” – foram tocados, sendo o principal deles aquele do meu canal no Youtube: “Livros que li”!

Beto, além de saber muito sobre edição, era um excelente e paciente diretor!

Também sempre foi o maior fornecedor de imagens que enfeitam minhas postagens no “Poesia: deleite-se ou delete-me”!

Era um excelente escritor: gracioso e sarcástico!

Tenho alguns textos dele que, com o tempo, irei dividir com todos!

Mas a principal característica de Beto era sua preocupação e defesa com os mais humildes!

Sonhava em mudar o mundo para que todos pudéssemos desfrutar, pelo menos, e é o fundamental: casa, comida, roupa e estudos!

Disso se ver que era um sonhador, pois poucos querem isso para todos! Muitos querem apenas para si e seus filhos!

Bebemos, conversamos, sorrimos e choramos juntos várias vezes, sempre pelo mesmo objetivo: o melhor para todos!

Uma outra das muitas características de Beto era a generosidade!

Portava, sempre, uma mochila de onde brotavam as coisas mais inesperadas! Cachaça, conhaque, vodka e outras bebidas para os amigos, além de queijos, bem como vários temperos e azeite e, para as mulheres e crianças, sempre tinha um chocolate!

Os mais humildes eram o principal alvo de sua generosidade!

Gostava de xavecar as “minas”, mas não era ousado, nem enxerido!

Era generosíssimo com os amigos!

Tinha, como todo ser que se preza, seus defeitos, sendo o principal deles o fumar!

Admirava o pai incondicionalmente! Tipo: “meu pai sabe de tudo”!

Estava sempre disposto a ajudar!

Era um crítico lúcido do sistema de moer o homem.

Bebemos, rimos e sorrimos juntos e, até, quase fomos presos por protestarmos contra alguém que, aparentemente, não era deficiente e estacionou em vaga destinada a deficientes.

No dia e hora em que soube da notícia da morte do amigo, pensando nele, vivo, é claro, pois ele tinha escrito algo recentemente sobre o tema, eu escrevia para enviar-lhe depois (depois que não veio a concretizar-se!) o seguinte:

“Da minha varanda gourmet,

Fico extasiado com a alegria dos que não têm o que comer!

Eu, feliz e calmamente, meu champagne francês posso beber!

Enquanto bebo para lembrar aqueles lá de baixo bebem para esquecer!

Lembro, por exemplo, que preciso explorá-los!

Eles esquecem, felizmente, que são os donos do poder!

Paremos com pensamentos tolos!

Pois vem chegando a alegria com o rei momo!

Schin dor, schin dor!

São Paulo, 25.02.17.”.

“Schin” e “dor”!

Depois, ao olhar no caixão a face calma e serena de um homem que era uma constante busca por mudança, pude observar que ele trajava, na despedida, uma blusa que lhe presenteie!

Todos esses detalhes, mínimos para alguns, por certo, mais aumentou a tristeza com que me separei de pessoa a quem tanto estimava e que, por suas ações, sempre me senti estimado!

Como disse o Toninho – “Me despedindo por um tempo de um amigo!” – parafraseio: “nos despedimos por um tempo de nosso amigo Beto”, que foi na frente para preparar uma melhor acolhida para todos nós, é o nosso embaixador”!

Que nós (família e amigos) tenhamos paz e força para esperarmos pelo nosso futuro encontro!

Beijo grande, Roberto Algodoal Zabrockis Junior, e obrigado por tudo, carinho, amizade e cumplicidade!

 

Abraços,

Osório

POEMEMOS

Soneto da visita

"diante estou de sua porta ...

diante estás de mim, incerta...

a porta, sim, está aberta

mas não sinto com que te importa...

tuas palavras, como cortinas...

te protegem como escudo....

 e eu, sem saber ainda mudo...

no que, enfim, te atinas...

tuas mãos e olhos dizem coisas...

mas tuas palavras te desmentem...

deixando incertas tuas escolhas...

mas, pela porta aberta somente...

falas, bem vindo visitante....

o que me deixa, por si, contente...".

Autor: Rogério Dias.

e,

“Pega, amado, meus andrajos,

Minha ex-carne, antigos trajes.

Tudo rasguei e esfarrapei,-

Com duas asas só, - eu fiquei.

Revista-me com seus esplendores,

Me salve, me perdoe.

E os farrapos podres sofredores,-

Na sacristia, - põe”.

13 de maio de 1918.

 

Autora: Marina Tsvetaeva.

 

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