Outros Escritos Meus

Você está aqui: Home | Artigos

A prática da leitura é transmissível?

(o vício fundamental para a vida!)

Foto Adriano 2

                                                                         Obrigado a Adriano Alencar Matos Barbosa pela imagem.

 

Este tema nos poderá levar de volta para o século V Antes da Era Atual, mas o espaço me impõe a brevidade (estou aprendendo a ser um aprendiz de cronista).

Embora não abordando em profundidade o referido século, vamos ao continente onde está a Grécia, a Europa, pois foi aí que se iniciou uma discussão ainda hoje não resolvida (nada está resolvido na vida!) para se saber se a virtude (areté, em grego) – a excelência de caráter e conduta – pode ser transmitida de uma pessoa para outra, claro.

Em viagem pelo referido continente, em pleno verão – onde o calor é de lascar e este matuto do interior do Amazonas achava que somente existia o inverno, daí ter levado apenas roupas erradas e se dado mal!, mas este é um outro tema –, pude observar que, na Itália, França, Espanha e Portugal, seus jornais e revistas trazem reportagens com pessoas famosas (conhecidas pelo grande público: atores, esportistas, nobres etc.) onde estas indicam os livros que irão ler na estação das férias!

As indicações envolvem sempre mais de um livro, alguns chegam a indicar cinco ou seis!

Sabemos que o número de livros, muitos ou poucos, que podem ser lidos durante um período, varia de acordo com o número de páginas de cada um, bem como, talvez, exista a possibilidade de alguns indicadores não lerem livro algum (o que deve ser raríssimo), mas tal prática incentivadora é extremamente feliz, pois como muitos gostam de imitar seus ídolos, sonhamos para que as imitações cheguem também à prática da leitura, que é, sem dúvidas, um dos melhores “vícios” (melhor seria hábitos, mas ...), senão o melhor, pois abre caminho para o conhecimento (educação, cultura e tudo o mais que ajuda o homem a libertar-se das amarras que lhes são impostas pelos outros e, por ignorância, por ele mesmo).

Seria bem interessante que as revistas e jornais brasileiros imitassem seus congêneres europeus.

Mas, por que não fazem isso?

Penso, no momento, em duas possibilidades principais:

Primeira: não querem leitores minimamente educados, pois, se tal ocorre, tornam-se conscientes de seus direitos e deveres e passam a exigi-los. Jornal quer leitor que saiba apenas soletrar suas matérias!

Segunda: medo de não encontrar leitores famosos que possam fazer tais indicações!

Se for a segunda hipótese, tem um salvo-conduto para mentir, pois neste caso, os fins, mais que nunca, justificam os meios.

Aliás, para eles, uma mentira a mais ou a menos não vai fazer diferença!

Inté,

P.S.: Como sou viciado em livros, e para tentar não comprar livros repetidos, coloquei na minha página na internet grande parte do meu acervo. Está em:

http://www.osoriobarbosa.com.br/index.php/ideia/curisidades/item/1660-biblioteca-do-procurador-da-republica-osorio-barbosa-i-a-a-i

e,

http://www.osoriobarbosa.com.br/index.php/ideia/curisidades/item/1663-biblioteca-do-procurador-da-republica-osorio-barbosa-iii-n-a-zX

Meu sonho, contudo, é tornar TODOS vocês (todos os seres humanos) VICIADOS em LEITURA, meus filhos estão no caminho, daí indicar o seguinte:

A Amazon, além dos livros novos, está vendendo, também, livros usados (e até novos com o nome de usados!).

Dentre as editoras cujos livros constam do catálogo da Amazon está a Octavo, que tem livros excelentes, tanto no conteúdo quanto na forma (super bem feitos!), daí enviar-lhes a relação abaixo.

Dê de presente livros, você nunca erra, além de ajudar a melhorar a humanidade.

Eis uma das possibilidades de comprar conhecimento:

1 - Beijos dados e não dados (https://www.amazon.com.br/dp/856373945X)

2 - Maria da Gloria (https://www.amazon.com.br/dp/8563739468)

3 - Slow Reading: os benefícios e o prazer da leitura sem pressa (https://www.amazon.com.br/dp/8563739042)

4 - Diário de livros (https://www.amazon.com.br/dp/8576291193)

5 - O fim dos livros (https://www.amazon.com.br/dp/8563739018)

6 - Da origem e propagação do café (https://www.amazon.com.br/dp/8563739050)

7 - A história da filosofia (https://www.amazon.com.br/dp/8563739476)

8 - Dias de colecionar borboletas (https://www.amazon.com.br/dp/8576291177)

9 - Histórias assim (https://www.amazon.com.br/dp/8563739093)

10 - Entre a luxúria e o poder (https://www.amazon.com.br/dp/8563739077)

11 - Dicionário de alternativas: utopismo e organização (https://www.amazon.com.br/dp/8563739107)

12 - O último livro (https://www.amazon.com.br/dp/8563739247)

13 - Inglês para pervertidos (https://www.amazon.com.br/dp/8563739492)

14 - Leve-me com você (https://www.amazon.com.br/dp/8563739034)

16 - Meu pseudônimo e eu (https://www.amazon.com.br/dp/8563739085)

17 - O cão de Pavlov (https://www.amazon.com.br/dp/8563739484)

18 - A nau dos insensatos (https://www.amazon.com.br/dp/856373900X)

19 - As dez vidas do senhor Cardano (https://www.amazon.com.br/dp/8563739506)

20 - Pai e filho (http://www.livrariacultura.com.br/p/livros/hqs/quadrinhos/pai-e-filho-42987391).

 

Turma das flores esta

Da Consolação ao Paraíso!

 (um passeio cultural).

 

A companhia do filho ainda pequeno me impediu a ressaca do dia seguinte, daí ter passado batido no sábado!

Domingo de sol quase escondido sobre as nuvens pesadas como chumbo do céu de São Paulo.

Levamos ou não agasalhos?

Melhor não! Homens não costumam carregar tralhas e guarda-chuvas é coisa de velho!

Vamos passear na Paulista?

Claro!

Começamos pela extremidade da qual estávamos mais próximos e o sentido foi: rua da Consolação até o início do bairro Paraíso.

Dizem as boas línguas que esse trajeto assemelha-se ao casamento, mas é pura bondade! O casamento é bem pior, pois, muitas vezes, vai além da consolação.

Conferimos a temperatura – estava amena, 21 graus – e o tempo, embora este não fizesse qualquer diferença, pois o que nos importava mesmo era a companhia recíproca de pai e filho!

Fazia dias que não nos dávamos tamanho presente por incompatibilidade de horários!

A Paulista, no meu olhar amazônico, é como um rio com suas margens de concreto!

Tem mais de 100 anos e sem assoreamento.

A arquitetura belíssima e diferenciada, por si só, já enche os olhos do interiorano pai e do paulistinha filho.

A pirâmide financeira dizem ser proibida, mas ela está lá, como símbolo maior do capital: a sede da FIESP.

Ninguém a derruba, ao contrário, ela derruba quem ela quiser!

Mas nem só de concreto se faz a Paulista, símbolo da ostentação e do poder (político e do capital, ou vice-versa, já que ambos são irmãos siameses), mas ela é desenhada, também, de e em carne e osso, a contrastar e dar harmonia ao inflexível concreto.

Assim é que vemos a bela e imponente mãe ensinar o filho a pedalar, sem lhe dar qualquer proteção que vá além do seu severo olhar. Mas isso basta? Não seria melhor um capacete também?

Seguimos em frente e rezamos calados juntamente com muçulmanos, judeus, umbandistas, católicos e outras religiões – que se misturam em uma paz que somente um deus, se existisse, e na forma como elas (religiões) acreditam existir, mas não praticam, seria capaz de permitir – para que nada aconteça de mau à criança desprotegida de equipamentos de segurança.

Em uma aparente contradição, vemos uma bicicleta acorrentada! Proteção ou castigo?

A menina, protegida pela mão do pai, aprende a andar de patins! Até quando ela quererá dita proteção?

E é possível a proteção virar tirania?

Não temos tempo para nos responder, a caminhada é longa e o ver mais longo ainda.

A bicicleta com carrocinha para cachorro está vazia, já que seu possível ocupante vai desfiando à frente, mostrando a inutilidade do que parece útil.

Uma moça linda, sem o braço direito, cruza nosso caminho. Não tem como não a perceber. Há um profundo e aparente contraste, mas nos dizemos: diante de tanta beleza a ausência de um braço é só um detalhe!

E o pai, eu, no caso, acrescenta para si: como eu queria o seu abraço!

Outra moça, que já é bonita, segue uma das muitas modas aqui de São Paulo: portar um skate sob o braço apenas para fazer charme, já que os praticantes te tal moda aparentam não dominar o aparelho.

Por falar em moda, não falta a moda africana com camisas muito coloridas e o vendedor de ébano com dentes de marfim.

O skate pode ser até legal e charmoso, isso quando está sob o braço de uma bela, mas se transforma numa praga ameaçadora quando o fulano, pesando mais de cem quilos, sai em alta velocidade entre os passeantes! Se acertar o mocotó de um infeliz ele, a vítima, certamente, estará defeituosa pelo resto da vida e o "(in)responsável" sem qualquer possibilidade de pagar, financeira e criminalmente por seu crime, dirá que é pobre e estava apenas “brincando”!

Uma repressão a esses malucos seria legal, já quem em São Paulo existem pistas destinadas ao tal idiota esporte(?).

Uma mulher, devidamente “capacetada” passa em sua bike com cestinha na frente do guidom e dentro desta uma bela e pequena flor vermelha. Como ela preparou tal arranjo cujo efeito é tão belo?, perguntei-me.

Em frente ao Club Homs, uma bela e viçosa árvore mostra suas delicadas flores violetas.

Uma pomba de penas negro-azuladas, mas maltratadas, também faz seu desfile sem que aparente qualquer medo pelos demais parceiros de caminhada!

Um banco espanhol faz algo de bom pela cultura! Instalou uma de suas agências em um dos belos e últimos casarões da avenida. Um verdadeiro floco de neve de concreto!

Outro banco, símbolo do capitalismo, ocupa um prédio de arquitetura nova, mas também bela, especialmente por aparentar que está à espera de sua metade!

Seria ele um banco incompleto?

Mais adiante, e por outro ângulo, o Banco Central do Brasil parece estar à procura do um túnel por onde possa jorrar seu líquido azeitador e ajeitador da ganância humana!

Em contrates com aquelas perseguidas por conta de suas cifras, as bolhas de sabão fazem a alegria das crianças!

Mas, ao fim e ao cabo, as bolhas sempre fazem a alegria: seja das crianças, seja dos espertos e seus bancos parceiros.

A marca de máquinas de escrever, que já foi muito famosa, ficou dando nome ao edifício, mesmo depois da sua falência.

Em um prédio antigo, a linda porta de madeira, que lhe servia de proteção, agora recebe a proteção de uma porta de vidro e esta, muitas vezes, nas manifestações populares, por exemplo, são protegidas por tapumes e, assim, acabamos por ter: a proteção, da proteção, da proteção, da proteção ... (em um túnel rumo ao infinito “e além”!).

A academia de marca que viralizou em São Paulo, está em cada quarteirão, nesse dia permanece vazia, mostrando-se os pedestres indiferentes aos convites de seus aparelhos.

Já a academia de dança levou seus alunos para o asfalto e, dançando, faz o seu merchandising!

Dois amigos resolvem, em aparente paradoxo, inverter a ordem natural das coisas, pois levam suas bicicletas parar passear quando, regra geral, ocorre o contrário! Vai ver a conversa entre eles é melhor que o exercício físico.

Um outro paradoxo logo à frente: a moça leva um cabide sob o braço. Ou seja, o que pendura estava pendurado!

A japonesinha leva pelas coleiras dois cachorros imensos, maiores que ela, os quais, se partirem em disparada, a arrastariam pelos ares, ou pelo asfalto, sendo esta última opção a mais aconselhável aos animais, quem sabe assim ela aprenda algo!

Outra proprietária de cachorro tenta a justificativa de sempre: “ele é manso”! Esquece ela a famosa afirmação do filósofo Sócrates que diz: “Cachorro, menino e peido nós somente  suportamos os nossos”!

Cachorro é, também, a prova de que o mundo sempre estará dividido, pois o que é felicidade de uns (caminhar com seus animais de estimação) tem, no lado oposto, os desesperos dos pais que caminham com seus filhos de “desestimação”!

Na altura do número 1000, temos uma árvore diferente, pois é de bronze (uma escultura, claro) e não dá flores, mas plaquinhas do mesmo metal com o nome de alguns dos ocupantes do imóvel. Seu contaste com as árvores de verdade é muito interessante e inquietante.

No mesmo imóvel, próximas a árvore metálica, temos algumas estátuas à moda grega, inclusive com pinturas leves, mas bastantes vivas. Tais monumentos estão presos em redomas, certamente para serem protegidas das intempéries e/ou de ignorantes, mas também são como que invisíveis, já que ninguém tem “tempo” para admirá-las.

Quase em frente ao número 1000 termos umas “ondas” elevadas em aço na escultora Tomie Ohtake, a qual é sustentada por uma base muito pequena, se considerarmos seu gigantismo. Tal beleza, fruto da contemporaneidade também parece esquecida, diante da indiferença dos caminhantes.

No número 1106 está um imenso bloco de pedra onde uma escultura, não muito bem definida para olhos neófitos, como os meus, pois não identificam muito bem sua representatividade, mas, para o meu gosto, é muito bonita, embora o vidro que a proteja seja transparente, parece esconder tamanha beleza, já que afasta da obra os olhares dos passeantes.

Mais à frente temos uma espécie de cubo sem um seus lados (vértice), é produzido com “muito ferro”, sendo que suas partes seriam, teoricamente, desmontáveis, já que presas umas às outras por potentes parafusos com suas imensas porcas à mostra. Alguém, certamente, diria que tal quantidade de material melhor seria empregada em uma laje!

Já na fronteira do Paraíso, em um prédio, foi pintado um retrato multicores do rosto do “jovem” Oscar Niemayer. As cores dão vida e beleza ao longevo arquiteto e, assim, não o deixam ser esquecido, mesmo em uma cidade que não foi parida por ele, como é o caso de Brasília, o que torna a homenagem bem mais significativa, e nos remete, imediatamente, à sua obra maior em São Paulo, o COPAM,

Sob o olhar de Niemayer, mais abaixo e no prédio mais a frente, “um artista” esculpiu com tábuas (tabiques) de cerca de 10 centímetros de largura e perna-mancas também ligeiramente finas, uma obra de arte que, no meu olhar, assemelha-se a uma espécie de ninho de pássaro a servir de abrigo para o arquiteto.

Dentre os vários long plays antigos estendidos sobre a calçada ou encostados nas muretas dos canteiros de plantas para serem vendidos, Tim Maia, ainda jovem, brinda-nos com seu lindo e farto sorriso, juntamente com outros menos expansivos.

Estando o artista de costas, por estar pintando um de seus quadros, não consegui ver seu rosto, mas no resultado do seu trabalho, tanto no quadro que nascia como nos demais que estavam expostos, vi uma inspiração em Van Gogh! Desejei ao artista vivo melhor sorte que a do holandês!

Entretanto, pude perceber que não lhe faltava nenhuma orelha!

No prédio situado nas esquinas das avenidas Brigadeiro Luís Antônio com Paulista, pode-se admirar um lindo quadro, de tamanho avantajado, creio que confeccionado com pastilhas, com predominância do azul claro e marrom, retratando mulheres com véus (santas ou outras?), trabalhadores e um belo girassol.

Mais à frente um hospital expõe suas “vísceras e órgãos” entalhados em bronze!

A beleza acaba por incentivar o estudo da anatomia humana!

O prédio pequeno e antigo, de cor amarela com detalhes brancos, mas muito bonito, hospeda “Pasteur”, o laboratório!

Encontram-se muitos atletas fora de forma, a maioria, é claro, mas temos que tirar o chapéu para eles por suas tentativas de recuperarem a forma e pelos seus esforços!

Em contraste com os atletas que buscam a boa forma, o restaurante (Bovinus) expele fumaça cheirosa capaz de agradar a qualquer deus e, assim, fazer qualquer um perder a forma!

Um casal formado por gordinhos me levou a pensar: quem engordou junto, tem que malhar junto!

Membros de famílias caminham lado a lado pelo aparente bom motivo de estarem juntos, o que por si só é uma das melhores belezas que assistimos no passeio dominical.

Três mulheres caminham em parelha e me levam a supor que a beleza, naquela família, é congênita, pois está desde a primeira até a última geração.

O namorado, skatista, com uma paciência de Jó, ensina a namorada a praticar o mesmo “esporte”, paciência que, certamente, acabará com a chegada da rotina imposta, criada e cultivada, pelo casamento. Por que tem que ser assim?

O pai com a filha no “tonte” (cangote, ombros) não me faz inveja, pois carreguei assim todos os meus quatro filhos, inclusive a Antonia Angela, que com 6 anos de idade ainda tem um peso suportável para essa sua felicidade, mas, em compensação me mata de saudade daqueles a quem já não mais posso carregar!

Outro pai, também pacientemente, ensina a filha a patinar, estando ela devidamente equipada. Esse amor, no entanto, diversamente do outro, não muda!

Bate um desespero na oposição entre a felicidade de muitos pais e o sofrimento de um pai que se acorrentou em um corrimão de um prédio da justiça!

Será que os magistrados, ou quem possa fazer algo, são indiferentes a tamanho martírio?

Alguns são sim, pois pensam apenas nos próprios filhos!

Espero que o pai acorrentado encontre pais ainda melhores que ele em sua luta!

Mais adiante outro prédio suntuoso também promete justiça, pois abriga aqueles que decidirão se aquele que julgar o caso do pai acorrentado estava certo ou errado!

Enquanto isso, “o tempo não para”!

“É muito longo o caminho da justiça”, já disse alguém.

Um jovem casal que aprende a patinar junto usa alianças de comprometimento, aparentemente, na ânsia de se machucar, nem quer esperar pelo casamento.

Já um casal de namoradas caminha com um par andando de costas! São iguais, mas até nisso são contrárias! Nem só os opostos se atraem.

Esse mesmo casal de moças leva a uma extrema admiração o casal árabe que o observa de olhos arregalados, inclusive a mulher com seu lenço característico e identificador.

A diversidade é plena, mas é bem marcante no e pelos cabelos multicoloridos da moça que passa, aparentemente, indiferente aos olhares.

Camelôs e polícias, como sempre, vivem no contraste! Enquanto uns camelôs ficam indiferentes à aproximação da polícia, outros correm ou ficam à espreita esperando que “a autoridade” se afaste.

Dentre os camelôs, visualmente, pode-se identificar bolivianos e chineses, os quais vendem de “tudo” um pouco!

Por falar em camelôs, alguns deles, com medo do “rapa” correm entre a multidão empurrando seus carrinhos de vender milho verde com seus caldeirões fumegando a pleno vapor!

O que fazer? Deixá-los vender? Proibi-los?

Deixá-los vender transformará a rua em algo intransitável.

Proibi-los tira-lhes o trabalho, mas pode evitar mal maior, “um banho purificado da inquisição” pelo qual ninguém irá indenizar a vítima que nada tinha a ver com a história.

Complicado!

Nesta praia paulistana não vemos coqueiro, mas tem cocos em abundância e com preços excessivos, mas que repõem quaisquer energias.

Empregada que segura um mastro com uma bandeirinha orientado os ciclistas, que deveriam esperar pela vez do pedestre, come sanduiche durante o expediente!

O que ocorre?

Ela não tem horário de almoço?

E a higiene?

O patrão dirá que ela “é tão boa emprega que não sai nem para comer", embora ele determine que ela faça isso”!

Quando mesmo a escravidão foi abolida?

Os camelôs bolivianos, seguindo o exemplo, também comem – usando as mãos com as quais depois irão despachar seus produtos –, as suas “friazinhas”!

Assistindo a tudo isso temos o cartaz de “Os miseráveis” que está sendo exibido em um cinema ao lado.

Onde estás Victor Hugo?

Creio que aqui mesmo, pois és tão atual!

Uma das piores coisas da Paulista nesses dias é a pluridiversidade de sons.

São os mais diversos, mas não os condeno por suas qualidades, mais por sua falta de controle quando aos decibéis expelidos!

Quem tem a caixa mais potente encobre o outro, mas como todos estão com caixas cada vez mais potentes, pouco se consegue aproveitar de alguns maravilhosos artistas que por lá se apresentam. É uma pena!

E ainda há quem pense em uma sociedade sem polícia!

Um gaiteiro e sua gaita buscam gaita com os transeuntes!

As cantoras de blues (Carina, cujo sobrenome esqueci, mas não é Silva, Sousa ou Pereira, por exemplo) são bastante afinadas e harmoniosas. Legais para serem ouvidas e compradas, já que vendem seus cd’s.

Feministas protestam cantando! Um dos refrãos diz: “só as cachorras, as feministas, para acabar com essa corja de machistas”!

Corri delas, pois vai saber o que elas identificam como machistas!

A quantidade e variedade de instrumentos musicais improvisados (feitos dos mais diversos e inimagináveis materiais, latões, canos, vassouras etc.) é um espetáculo à parte!

Um violão abandonado, já que não conseguimos identificar seu dono, sozinho espera por mãos sublimes que pudessem acariciá-lo e, assim, ele pudesse dizer a beleza que somente ele sabe dizer!

A Polícia pública está presente, pois não pode deixar correr frouxo o cartão postal, como faz na periferia, que quando chega por lá, se é que chega, passaram-se mais de 10 dias depois de solicitada!

Se não for solicitada sempre está a arrombar barracos sem qualquer formalidade legal!

Temos, também, e de maneira muito ostensiva, a “polícia privada”, os homens de preto que fazem a segurança para os ricos da avenida.

Mas, melhor essa segurança que nenhuma!

Só reclamo da qualidade, não da polícia em si.

Na Paulista tem coisas que, vistas de longe, são aparentemente estranhas, como a “casa de rosas”, mas que olhada de perto é belíssima!

Tem-se, também, um prédio que duplica outros, mas é mera ilusão de ótica.

Mas as casas antigas, para o meu deleite, são as mais belas! Espelho e ferro são apenas diferentes, mas que não exercem mais a atração narcísica sobre este índio.

Temos sereias no concreto, trazida por uma marca famosa, mas que não cantam, mesmo assim encantam um e outros. Até nisso o comércio sabe explorar seu canto de sereia, já que dele é muda.

Um homem estaciona seu meio de transporte, aquele de duas rodas sem guidom, e vai conferir o seu celular, este amigo mais que inconveniente, mas do qual poucos conseguem cortar o cordão "umbilical 2".

No meio dos vexados uma elegante senhora, com lenço de seda no pescoço e cabelos tingidos com uma tonalidade leve de roxo, consulta o seu celular tranquilamente, sem se importar com a pressa dos demais.

Dizem que os animais irracionais costumam adquirir características e aparências de seus donos. Deve ser por isso que a cadelinha tem jeito de mulher pequena e afetada.

Mesmo neste domingo encontramos mulheres abarrotadas de sacolas com compras. Onde compraram isso?

Dizem que elas acham, farejam as lojas!

Bingo! São os vários shoppings centers da região! Tá explicado!

A cultura milenar egípcia está presente em papiros espalhados pela grama. Nefertiti, Aquenatón e os deuses Osíris, Set, Ísis, Anúbis e outros não falam mais com os humanos, como antigamente, daí quase ninguém se interessar por eles, a despeito da insistência do vendedor.

Será que Anúbis teria balança capaz de pesar as maldades de tantos corações que lhe passam tão perto?

Será que mudou sua antiga balança para uma filizola?

Na dúvida, melhor seguir em frente.

E à frente tem uma pirâmide moderna! A sede de um poderoso sindicato de patrões que buscam acabar com os sindicatos dos empregados para reinar sozinho!

Quando os escravos trabalhadores deixarão as terras de neofaraós tão poderosos?

Há uma enorme coleção de objetos confeccionados com rolhas de cortiça. Admirei-os, mas minha curiosidade maior foi: quantos porres foram necessários para produzir tantas rolhas?

E ainda têm ingratos que não reconhecem o valor e a importância dos pileques. Fosse assim, onde o artesão encontraria matéria-prima?

A reciclagem, tema importantíssimo na vida moderna, está presente na arte do artista que produz minis utensílios (panelas comuns e de pressão, frigideiras, bules etc.) a partir de latinhas de alumínio.

Girafas, que costumam ser grandes, exceto na juventude, aqui são reproduzidas em igual escala, mas com algumas diferenças: não andam, nem piscam os olhos com seus longos e belos cílios, por serem confeccionadas de papel, mas usam sapatos!

Um mágico solitário, aparentemente, não sabe fazer mágicas, se soubesse, faria uma para atrair clientes!

Ele bem que tenta! Nos sorri, o que é uma mágica maravilhosa nas cidades grandes, mas decidimos não parar!

A praga do cigarro ressuscita até defuntos, pois da cova do metrô seus empregados vêm à superfície para fumar! Maldito tabaco.

A única coisa que compensa nessa cena horrenda é a entrada (ou saída) da estação de vidro e metal em forma de onda! Daí a vontade de surfar na Paulista.

Eis que encontramos a origem da flor que a moça levava na cestinha! Um grupo de pessoas, a maioria de origem nipônica, passeia com suas bicicletas carregadas de flores.

Agora sim. Depois de termos visto o efeito, entendemos a causa!

Artista antigo – “Índio Chiquinha” – faz performances muito belas! Toca castanholas com sua barriga de fora e seu cabelo cortado em cuia! Faz continência para o hino nacional, executado por sua aparelhagem. Dança Raul e americanos!

É uma graça, mas já foi desgastado pelo tempo de e na estrada!

Um homem de cabelos e barba longos faz malabarismos, mas chama mais atenção pelos seus passes e vestimenta azul de bailarina!

Temos um “aposentado”, por idade, sem talento algum e também sem qualquer inibição! Ele simplesmente pendura um “rádio” tocando músicas quase sem graças em seu pescoço e começa a dançar! E como dança mal!

Políticos fazem ponto na Paulista, hoje era dia de Suplicy rodar por aqui!

Na Paulista tem muita SAFRA, mas a colheita é para pouquíssimos!

Os famosos sempre atraem pessoas para seu entorno, sejam eles os famosos que forem, basta ser famosos. As pessoas que os cercam, certamente que, muitas vezes, não vão ao seu encontro por causa deles mesmos (pessoas famosas), mas para aparecerem seja lá onde for.

Um micro, mas moderno “drone” sobrevoa a imensa avenida. Será que tem bombas como os dos americanos? Se tiverem espero que também sejam “inteligentes” como seus congêneres do Norte que jogam bombas nos centros de cidades, mas elas matam apenas terroristas!

No passeio pela bela avenida, agradável para passear em qualquer dia da semana, encontramos muitos drogados e muitas drogas, inclusive as legais!

Em todo quarteirão, praticamente, tem uma drogaria, o que é muito bom quando se está doente.

Muitos botecos, bares e restaurantes no entorno da Paulista, pois nesta, propriamente, penso que por conta da questão preço dos alugueis, temos poucos. Muitos tornariam a avenida ainda mais chamativa e agradável.

Na altura do número 493 (estamos no lado ímpar), no mesmo prédio onde está localizada a atrativa livraria Martins Fontes, temos o “Boteco Domínio”. Este bar tem uma característica fantástica: é minúsculo, mas, à noite, ele se expande tornando-se gigante!

Mesas são colocadas na imensa calçada e um único garçom, que já foi dono do ambiente, serve todas e todos os clientes na maior eficiência.

Deixou de ser dono, me informaram, depois que a torcida do São Paulo (com justa razão?) quebrou quase toda a Paulista, inclusive o referido bar. Então ele o vendeu e passou a ser garçom, estando nessa função desde então, e já se passaram muitos anos.

Apresentou-me este ambiente familiar, antes da última reforma, que lhe melhorou bastante o aspecto, o amigo saudoso Beto Zabrockis!

Sentar-se sob a copa da árvore que está em frente ao Domínio é um prazer tão grande quanto o do sabor da cerveja nas tardes ensolaradas.

Existem outros bares, claro, dentre eles o de nome mais interessante: “Prainha Paulista”! Isso em pleno mar de concreto! Fica em uma transversal da Paulista. A última vez que estive por lá o banheiro, próximo à cozinha, estava uma pocilga! Precisava melhorar muito para ficar ruim!

O “Pupy”, ao lado de uma drogaria, também me foi apresentado pelo Beto. Característica: é mais conhecido como “Estela”!

“Oi”! É alguém cumprimentando os transeuntes em uma placa, mas ninguém responde (efeito das drogas ou a empresa é a própria droga!).

Será que o prédio que duplica os outros também está sob o efeito das drogas em viagem psicodélica?

Não sei e nem quero saber, embora somente tenha discordância de quem sabe!

Andamos de mãos dadas, eu e meu filho, que embora menos robusto, está quase da minha altura, o que também não quer dizer nada, mas, como já tinha me alertado alguém, surge a primeira vez: uma louca me chama de pedófilo! Na reação imediata, quase perdi a cabeça e pisei no pescoço dela. Contentei-me com um palavrão, também saído antes de qualquer reflexão, e ela prosseguiu nas ofensas após eu dizer que era meu filho (“deve ter sido abusado”!).

Como veem, nem tudo são flores na Paulista!

Optei por, puto da vida, continuar a caminhada, pois não valeria a pena e, certamente, todos diriam que “o culpado éramos nós”!

Pensei: cada um carrega sua cruz, até os loucos, literalmente, ao ver um outro louco carregando uma enorme de madeira.

Um maluco mais calmo lembra, aos gritos, outro maluco, o Raul, só que este era beleza!

Umas meninas/moças sentadas no chão dizem, em seus cartazes, que querem ouvir histórias.

As minhas são muito longas, embora tenham alguns esquisitos (detetives, por exemplo), que adoram histórias longas! Daí não ter parado para contar-lhes a saga “Maraã-Manaus-São Paulo”!

O caminhão da companhia de abastecimento de água afirma que “somos água”! E eu pensando que éramos constituídos por apenas cerca de 85% do precioso líquido. Meus conhecimentos estão “dez fasados"!

Super-heróis caminham entre os mortais! Batman, homem aranha, capitão américa e outros, como o nosso Saci Pererê, por exemplo, estão por lá! A maioria em busca de alguns trocados, pois, parece, o desemprego bateu às suas portas!

Um mendigo assiste as pessoas e a vida passarem na maior tranquilidade! Indiferente para o mundo, as pessoas e seus problemas!

Seria esse o sentido e o bom da vida?

Já quase no fim do Passeio, em frente ao charmoso e monstrengo Conjunto Nacional (patrimônio tombado), uma moça bonita, mas solitária, espera. Penas trançadas, cotovelo apoiado no joelho e mão apoiando o queixo, ela distraidamente, espera, mas por quem aguarda em sua pose encantadora?

Não ousei perguntar, pois ela poderia dizer: “você”, mas, aí, meu coração não suportaria!

A revista exposta na banca, como sempre, anuncia que Lula acabou, que chegou ao fim! Esta morte parece está sendo anunciada pela milésima vez...

Se o político chegou ao fim eu não sei, mas o nosso passeio sim! Hora de voltar para casa e o almoço!

Almoço que foi a grande decepção para o meu filho Osório di Maraã Barbosa, que esperava almoçar no “food truck” armado na pracinha em frente ao shopping Paulista, mas que, naquele dia, não estava lá! Teve que contentar-se com outra opção.

Antes de virarmos a esquina no rumo de casa, ele me fez o seguinte comentário que me encheu de alegria e esperanças nessa “era de baleia azul”: “Pai, a vida é maravilhosa. O dia foi muito bom”!

Foi isso! Fica o convite ao passei e a narração dos acontecimentos que você presenciar por lá.

São Paulo, 23.04.17.

Inté,

 

 

Fuxico

Temos fuxiqueiros nas metrópoles?

 

Quando eu li ou ouvi dizer que nas cidades grandes, como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, cada pessoa cuidava de sua vida sem se incomodar com as vidas das demais, especialmente vizinhos, eu acreditei!

Só descobri que isso é lenda urbana quando vim morar em São Paulo, embora eu tenha, inicialmente, comemorado por ter deixado a provinciana Manaus para trás nesse tema.

Mas qual?

O tempo passou e, mais uma vez, pude comprovar que o tamanho da cidade não muda para melhor o caráter das pessoas, aliás, com a possibilidade do anonimato a calhordice de alguns só aumenta!

Vizinho vigia vizinho para contar para os demais o que se passa com a pessoa e/ou a casa daquele a quem ele observa pelos simples prazer de ser fofoqueiro.

Procura saber se o vizinho paga o condomínio, como trocou de carro (mais velho para mais novo, roubou; mais novo para mais velho, faliu), quem são os amigos e pessoas que frequentam a casa observada.

Se o proprietário bebe ou fuma e o que bebe e o que fuma, se é traído ou se trai, onde trabalha e quanto ganha, se tiver empregado se pagas este corretamente, bem como seus impostos, tudo é buscado pelos porteiros ou junto a eles.

Ou seja: o que menos há nas metrópoles é a indiferença para com a vida alheia e essa curiosidade da vizinhança não se resume apenas ao prazer da fofoca, do “disse-me-disse”, mas vai à parceria com o comércio criminoso!

Geralmente são os bisbilhoteiros (vizinhos, porteiros, vigias) que passam (vendem) as informações sobre a vítima aos algozes.

Nos botecos costumamos ouvir, com muita frequência até, coisas como: “o fulano disse...”, “o sicrano viu...” e coisas do gênero.

Tudo isso com um sorriso que é como uma ponta de um iceberg pronto a destruir qualquer Titanic.

Nesse quesito, a São Paulo de 12 milhões de habitantes não vale um tostão a mais que a minúscula Maraã de cerca de 7 mil habitantes, caso lá existisse alguém de má índole!

Inté,

 

Fonte da imagem: http://www.pedacodesonho.com.br/index.php/tutorial-como-fazer-fuxico/.

 

Política!

Como e por que.

 

Querida Luzanira e demais amigos de facebook e de vida e de Maraã.

 

Você me envaidece ao dizer isso (“Luza Alves – Dr.Osório por favor, seja mais presente em favor do nosso povo menos favorecido que desde antes sofrem injustiças...”)!

 

Olá, Tatiana!

Que estejas em paz!

Vou tentar explicar a razão da minha afirmativa.

 

Uma mensagem aos meus amores: AS MULHERES!

 

Traiçao

 

"Até quando zombarás de nós, Dória?"

(ou como “somos” tolos na mão de espertos!)

 

Doria

 

pague me

Por que nem todos os seus amigos de redes sociais (facebook etc.) te respondem!

 

Cuba e liberdade!

Dia desses, lendo o poema Monólogo do Culpado (Monólogo del Culpable), me chamou especial atenção o seguinte trecho:

Página 6 de 10
Você está aqui: Home | Artigos