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Quem são os loucos?

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Quem são os loucos?

 

Já disse alguém que “de perto, ninguém é normal”!

A cada dia me convenço mais do acerto dessa afirmativa.

Se olharmos a fisiologia do ser humano, não podemos deixar de nos espantar com a beleza de sua funcionalidade, que a torna, praticamente, um milagre (milagre é tudo aquilo que acontece e não sabemos explicar, para os religiosos, ou aquilo que se fala e ninguém entende, para os filósofos), por sua quase perfeição.

 

Olhe para suas mãos e veja os movimentos que você pode produzir com elas. Olhe para as cores e veja o que seus olhos são capazes de captar; sinta o perfume de uma flor e comprove o que suas narinas são capazes de lhe oferecer; ouça uma música e viaje por mundos criados por seus ouvidos! É tudo tão espantosamente bonito que chegamos a nos apaixonar por nós mesmos, como fez Narciso.

Mas toda essa beleza e perfeição é comandada por algo absolutamente desconhecido, arredio, insubordinado mas subordinante: o cérebro!

Uma bola de massa, nem de osso é, frágil a toda prova, mas capaz de comandar, para o bem ou para o mal, todo o funcionamento de todas as partes do corpo humano que o acompanham, o protegem e são suas escravas.

Não somos sequer capazes de pensar, ao contrário, é ele, “o cérebro que nos pensa”, como observou Nietzsche.

Não queremos lembrar de uma namorada, aliás, queremos esquecê-la, mas o Senhor Cérebro não permite, ao contrário, ele a presentifica o tempo todo apenas para nos torturar.

Não, não queremos matar ninguém, mas o Senhor Cérebro, de vez em quando aventa essa possibilidade.

Não queremos desejar a mulher do próximo, mas aquele Senhor, não resiste e nos faz olhar e, assim, desejar o que não queremos!

Passa por nossas cabeças os pensamentos mais atrozes, as piores taras, as ignomínias, os piores crimes, mas também a compaixão, a solidariedade, a alegria e o prazer em ajudar o nosso semelhante.

Como explicar isso? Infelizmente ninguém explica!

Todos nós, temos, potencialmente, a capacidade de chegarmos a santidade ou ao mais horrendo crime, por isso, parece que caminhamos sobre a lâmina de uma espada entre um destes dois caminhos. O que nos guia?

Entre a maldade extrema e a bondade extrema, muitas vezes, parece que tudo é questão de oportunidade.

Pessoas que, aparentemente, são incapazes “de matar uma mosca”, matam milhares de pessoas, como foi o caso daquele presidente que ordenou que duas bombas atômicas fossem jogadas sobre duas cidades japoneses!

Outras pessoas, que julgamos que somente praticam o mal, como é o caso de inúmeros policiais brasileiros, inclusive uns que já respondem processos por homicídio, por exemplo, são capazes de usar seu corpo como escudo para proteger um outro ser humano que nunca viram antes na vida!

São essas contradições que ainda nos levam a acreditar na dita humanidade, embora, para praticar maldade, tudo indique que é apenas questão de oportunidade, sendo uma ínfima minoria que “estraga” esta regra.

Se olharmos de perto, não há diferença entre um torturador e um santo, por exemplo.

O sádico torturador encontra prazer no sofrimento alheio e, as vezes, pensa que está, ao torturar alguém, ajudando a sociedade!

Um santo que bebe o vômito de outra pessoa, que bebe pus ou lambe as feridas de um “leproso” é levado por tais atos de “bondade” à santidade!

Quem é mais louco, o torturador ou o santo?

Não temos dúvidas em afirmar: os dois!

Então, a loucura passa a não ser uma doença, mas a maneira como alguém se comporta e como esse comportamento é visto pela sociedade.

O que acaba redundando na afirmativa: de perto, ninguém é normal! 

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