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É impossível entrar na mente do matador para saber sua motivação, mas sabe-se que há premeditação e planejamento cuidadoso num assassinato em massa, diz ex-supervisora do grupo policial que inspirou a série de TV 'Criminal Minds'

Lúcia Guimarães - O Estado de S.Paulo
NOVA YORK

Quem assiste ao seriado de suspense Criminal Minds (Mentes Criminosas) imagina certo glamour na rotina dos investigadores que cruzam os Estados Unidos a bordo de um jato especial e oferecem sua inteligência acima da média para a resolução de crimes como assassinatos em série. A Unidade de Análise Comportamental do FBI, o nome desse grupo de elite, existe. E Mary Ellen O"Toole acaba de se aposentar como uma de suas supervisoras.

O horror e o luto demonstrados pelos personagens da série nunca duram o bastante para estragar o entretenimento. Na vida real, a rotina de encontrar corpos e recolher sinais para pegar um assassino ou impedir que ele ou ela mate de novo é mais entediante e ainda deixa múltiplos nós morais e psicológicos desatados.

Roberto da Matta

Terremotos recorrentes (parece castigo..., diz uma amiga...) no Japão; mudanças políticas radicais, com direito a confronto político em forma de tempestade de pedra no chamado mundo árabe; e transgressão inclassificável no Brasil. Neste nosso país, onde os juristas de bela tradição romana, aperfeiçoada na Faculdade de Direito de Coimbra que o Marquês de Pombal queria destruir em nome das luzes, vivemos um gesto que é a um só tempo crime, loucura, covardia, vingança e celebrizarão patológica. Ou seja: é um ato irredutível que fala de múltiplas carências coletivas, mas que se realizou, como tudo o que é humano, inpidualmente. Num outro pedaço do mundo, a terra e os sistemas políticos se sacodem; na nossa casa, estremecemos todos porque não somos capazes de nos pensar também como ingratos, covardes, canalhas e loucos varridos. Se Deus existe e, mais que isso, é brasileiro, o que significa esse massacre insano de crianças num lugar sagrado: uma escola? Debaixo de Deus, pensamos que uma lei vai conter esses gestos insanos.

Todos os dias, a partir das 7h40, centenas de pessoas fazem fila para apresentar petições ao Departamento de Cartas e Visitas de Pequim, na esperança de que o governo chinês intervenha para sanar as injustiças de que se julgam vítimas em suas cidades e vilas de origem. Suas histórias são quase sempre trágicas e envolvem abuso de poder, violência, tortura, perdas de casas, terras, salários, saúde ou liberdade.

Muitos viajam milhares de quilômetros até a capital, onde se instalam à espera de uma decisão, que quase nunca é proferida. Alguns aguardam há mais de uma década e, a cada três meses, reapresentam seus pedidos no mesmo escritório, que fica no Portão da Eterna Estabilidade, cinco quilômetros ao sul da Cidade Proibida.

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Povo nenhum viveu período de progresso tão acelerado; 600 milhões deixaram a pobreza

DE VOLTA à China, 32 anos depois da minha primeira e única visita, pude ver em Pequim o incrível progresso que houve aqui.

Nenhum país passou antes por um período de progresso tão acelerado: em média, seu PIB cresceu cerca de 9% ao ano, e cerca de 600 milhões de chineses já saíram da pobreza. Qual o segredo desse "milagre" duradouro?

No plano político, foi a força do nacionalismo em um tempo neoliberal em que todo nacionalismo econômico estava "condenado"; no plano econômico, foi a abertura da conta comercial enquanto se mantinha fechada a conta financeira, foi a liberação do fluxo de mercadorias, mas mantendo o fluxo de capitais sob severo controle.

Islâmicos, que obrigam o uso da vestimenta, interpretam de forma errada a verdadeira mensagem do Alcorão

A proibição de véus islâmicos na França revela a ignorância que cerca o Islã, tanto por parte dos muçulmanos como dos não muçulmanos. A pressão exercida pelo presidente Nicolas Sarkozy para a proibição choca as elites ocidentais. Uma lei sobre a maneira de apresentar-se em público tem seguramente mais a ver com Estados draconianos, como Irã e Arábia Saudita, do que com os franceses seculares.

Será que Sarkozy está tão errado? Vi, pela primeira vez, uma mulher velada quando tinha 6 anos. Fascinada e assustada, porque nunca tinha visto nada igual, olhei para meu pai, que me explicou que aquela era uma mulher da Arábia Saudita. Era muçulmana, ele me disse, como nós.

Anos mais tarde, as mulheres veladas não chamam mais a atenção das famílias muçulmanas pluralistas. Ao contrário, numa extraordinária distorção dos costumes sociais, percebo que agora elas simbolizam todos nós, até as mulheres muçulmanas heterodoxas, assimiladas, como eu.

JANIO DE FREITAS

Índios continuam sendo dizimados por doenças transmitidas pelo contato forçado com não índios, e a assistência mínima deteriorou-se ainda mais

FOI UMA REAFIRMAÇÃO com o tom de quem quer eliminar toda dúvida que possa ainda existir. E o tom de Dilma Rousseff ao afirmar já vem com o sobrepeso de toneladas, quanto mais se reafirma. "A defesa dos direitos humanos, desde sempre, e mais ainda agora, está no centro das preocupações de nossa política externa. Vamos promovê-los e defendê-los em todas as instâncias internacionais, sem concessões, sem discriminações e sem seletividade, coerentemente com as preocupações que temos a respeito do nosso país".

Tem coisas que tiram a poesia da vida, suspira a moça. Escaldada por dois casamentos e um "rolo", cada qual mais desastroso, ela sabe do que fala, e chega a ser espantoso que não haja, em seu suspiro, mais que as correspondentes três taças de amargura.

Há também, felizmente, nossas taças de vinho argentino, que vamos bebericando enquanto damos conta do antepasto ("prolegômeno gastronômico", batizou ela), no aguardo da massa que o Pasquale fará vir. O assunto era outro, e o que a fez se desviar foi a sem-cerimônia com que o sujeito na mesa ao lado arrematou a comilança, fazendo a língua circunvagar, em sentido horário, no interior da boca, o que pôs em movimento um calombo a lhe estufar as bochechas, naquela inequívoca operação de deixar tudo em dentes limpos.

Iniciei minha vida profissional, como jornalista, em 1980. Ainda estávamos no regime militar - que hoje é conhecido como ditadura. Não havia mais censura. O cerceamento da nossa liberdade de expressão era mais sutil. E provinha dos dois lados. Num deles estava o poder. No outro, a "patrulha ideológica" da oposição. O pessoal do poder achava que tudo o que fazia era certo. Se alguém discordasse, só podia ser por ignorância ou má-fé. Já a patrulha entendia o mesmo, só que com os sinais trocados.

Mas havia ao menos certa ética na lide. Mil vezes ouvimos de nossos mestres do jornalismo: "Informação é informação; opinião é opinião. Misturar as duas coisas é antiprofissional. Distorcer a primeira para valorizar a segunda, então, é imoral".

Tudo bem. Em momentos de exceção, como aqueles, o maniqueísmo brotava naturalmente. Ser radical parecia ser a única saída. Era comum ouvir frases do tipo: "Quem não é meu amigo é meu inimigo". Ou até: "Quem é inimigo do meu inimigo é meu amigo". Era preto ou branco. Não existia cinza.

OESP, 16 de abril de 2011

Sérgio Telles

O trauma é um acontecimento de tal intensidade que desorganiza o psiquismo, sendo necessário um longo e paciente trabalho para integrá-lo e neutralizar sua força desagregadora que paralisa o pensamento, impedindo o exame adequado de suas consequências.

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