Maraãvilhosos,
Imagem gentilmente enviada por Adriano Alencar Matos Barbosa.
Uma historinha de Maraã:
Estávamos em uma festa na boate “Vitória Régia” do “Tantan” (Tancredo Gomes) e o “Preto do Germano” estava muito animado e já bêbado. Parece que estava com dinheiro, vindo daí a sua alegria.
Cheguei, e não estando ninguém à mesa, sentei-me em um dos bancos (tamboretes) que a guarneciam, e que lá foram colocados quando a “sede” estava sendo arrumada.
Quando a festa se iniciava as pessoas que não ocupavam mesas costumavam apropriar-se dos bancos, retirando-os de seus lugares originais, que era, por intenção do proprietário, junto às mesas.
Certo é que quando terminou uma música que Preto dançava ele voltou para sua mesa e me expulsou de lá. Só que, quando me levantei, levei o banco comigo, segurando-o com as duas mãos sob as minhas nádegas, também conhecidas como...
Ele não prestou atenção e pensando que o banco estava no local que eu anteriormente ocupara e, sem olhar, sentou-se no vazio!
Ao cair de costas levou consigo, pois abrira os braços para tentar se segurar, as garrafas que estavam sobre a mesa, que eram muitas, pois nós, caboclos, para mostrar que estamos com dinheiro, não permitimos que as garrafas secas sejam retiradas de sobre as mesas e, quanto maior forem o número delas, mais admirados e empolgados nos sentimos.
Certo é que ao cair o homem enlouqueceu e partiu para cima de alguém tentando brigar.
Resultado, acabou preso pela desordem que promoveu.
E eu?
Saí de mansinho e fui embora para minha casa.
Abraços,
Osório
POEMEMOS
Da chuva
Se chovia na noite em que nos vimos
e conversamos pela vez primeira?
Chovia sim, e a cidade inteira
brilhava sob a chuva que caía...
A chuva, o frio, as luzes e o reflexo
daquela gente tonta no passeio,
tudo aumentava aquele meu receio
na onda de amor que me envolvia.
Se eu tremia na hora em que nos vimos,
num nervosismo incompreensível?
Tremia sim. Mas era irresistível
a força que de ti me aproximava.
E quando caprichosa pelo asfalto
a chuva fez espelhos coloridos
eu disse com ternura aos teus ouvidos
que o teu encanto me enfeitiçava.
Se era verdade o que eu te confessava
de chofre como um grito inesperado?
Verdade sim, eu nunca tinha amado
e disse o que pensava e o que sentia.
Sorriste e em teus olhos de repente
As meninas felizes me acenaram
refletindo meus olhos que brilharam
numa ventura que eu desconhecia.
Se juntos nós andamos pela noite
quando a chuva passou, sem ter destino?
Andamos sim, e o teu rosto divino
eu afaguei com minhas mãos grosseiras.
O sol e a chuva nos brindaram sempre
com horas de perenes alegrias
até que terminaram nossos dias
de estima e confiança verdadeiras !
Se eu fiquei triste e só quando tentada
por um capricho ou por alguém talvez,
fugiste dos meus braços certa vez ?
Eu fiquei sim. E por sinal chovia.
E a bendita chuva que te trouxe,
deixara de ser boa e te levara
enquanto nesta angústia me deixara
ilhado de saudade e de ironia.
Se eu te esqueci, agora que a lembrança
te prendeu no passado sem piedade?
Esqueci sim. E se chega a saudade
já não me encontra com as mãos tão frias.
Teu vulto apagou-se na memória,
és uma sombra e não me fazes mal...
Agora, a chuva sim é um algoz fatal
que evoca a noite que estragou meus dias.
Autor: Aldemar Paiva, no livro “MONÓLOGOS e outros poemas”, p. 23/24.
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